quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Orar com as mãos 2, super interessante

Mãos juntas 

   O gesto de juntar as mãos é algo muito comum entre os povos. No âmbito cristão passou a ser usual só a partir do século IX. Juntar as mãos era uma forma de reverencia entre os germanos. Ao aceitar o pacto feudal, o vassalo estendia suas mãos para o soberano, com as palmas voltadas uma contra a outra, e este então as envolvia com as suas. Com as mãos juntas oferecemos a Deus nossos serviços, submetendo-nos ao mesmo tempo a sua vontade.

   As mãos unidas recolhem nosso entendimento inquieto, elas juntam os apostos em nós numa unidade. Isso inicia em nós um movimento circular. Todas as ideias e todos os sentimentos, todas as vibrações interiores passam pelas mãos juntas. E nesse fluxo estamos conectados com a circulação do amor divino.

   Cada um deve encontrar uma posição que lhe seja mais adequada. Seguindo com as mãos juntas, podemos manter os dedos para cima ou para frente, na altura da barriga ou do peito, encostado no corpo ou mais afastado. A postura pode nos levar a serenidade e concentração, desde que seja a posição adequada ao nosso corpo. Recolhamos a nós mesmos para nos oferecermos a Deus.

Mãos cruzadas

   O gesto com as palmas das mãos coladas e os dedos entrecruzados não aparece muito como gesto na liturgia, variando de uma cultura a outra. Entre o povo este gesto era e ainda é bastante apreciado.

   Neste gesto igualmente a pessoa se recolhe para entregar-se a vontade de Deus. Segundo os autores, este gesto pode significar ao mesmo tempo concentração e um modo de orar em que a pessoa briga com Deus, tal como Jacó. Mas este gesto ao meu ver também parece uma oração de súplica e de confiança. 

   Neste gesto é possível experimentar diferentes intensidades, o determinante para isso será o conteúdo da oração. Igualmente as mãos podem estar na altura do peito ou da barriga, mais próximas ou distante do corpo. Ao fazer este gesto não precisamos de muitas palavras, pois já o expressamos com nosso corpo, nossas mãos e coração.

Mãos cruzadas sobre o peito

   Muitos povos cruzam as mãos sobre o peito quando a prece é intensa. Na liturgia russa os fiéis se dirigem a ceia eucarística com as mãos cruzadas sobre o peito.

   Este gesto expressa dedicação, uma entrega indefesa e cheia de confiança a Deus. O gesto também nos lembra um abraço. Seguramos algo valioso dentro de nós. Com esse gesto arrumamos espaço dentro de nós onde Deus já habita, mas experimentando-o de maneira nova, sentimos algo do nosso próprio mistério.

   Os braços cruzados indicam que os opostos dentro de nós foram acolhidos pelo amor de Deus. E com esse gesto abraçamos a nós mesmos e dizemos sim para tudo o que há em nosso interior, onde Deus habita. Também com esse gesto nos abrimos e protegemos um espaço de silencio, intimidade que não pode ser invadido.


Livro rezar com o corpo: o poder curativo dos gestos
 Anselm Grun e Michael Recepen

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