Hoje celebramos a liturgia do 1º de julho, inaugurando o novo semestre. Certamente os primeiros seis meses do ano passaram muito rápido, com excesso de informação e inúmeros acontecimentos, no entanto, o mais importante é nos rever diante de tudo isso: como reagimos, o que nos acrescentou como pessoa e como comunidade... Ademais, é sumamente importante rever como temos vivido a proposta do Reino de Deus neste tempo, diante de determinados acontecimentos, pois como afirma o filósofo Sartre: “não importa o que a vida nos fez, mas o que fizemos com que a ela nos deu!“
Meus irmãos, irmãs, não passemos pela vida sem existir, sem construir uma história, sem ser verdadeiramente pessoas! Contrario disso veremos nas figuras de Pedro e de Paulo, que celebramos solenemente neste final de semana, homens que pela graça de Deus superaram suas próprias limitações e passaram por uma verdadeira metamorfose de vida pela causa do Reino.
Paulo como bem sabemos, era um homem zeloso ao extremo na defesa de sua fé, ao ponto de perseguir aqueles que se revelassem uma ameaça contra ela, descarregando toda sua ira em nome do zelo que tinha pela lei de Moisés, mas ao ser tocado por Jesus ressuscitado, Paulo trouxe todo seu ímpeto e ousadia para a fé e o testemunho em Jesus Cristo, tornando-se uma nova criatura. Paulo também foi um grande propagador da fé cristã, por meio de suas cartas e viagens missionárias.
O apóstolo Pedro é uma criatura que me fascina pelo seu jeito de ser narrado nos Evangelhos. Pedro era como uma criança pura de bom coração, que se enamorou de Jesus, sua proposta de vida, da maneira como se relacionava com as pessoas e as acolhia. Pedro era coração aberto, impetuoso, arriscado, mas também covarde, inseguro, ciumento, no entanto, seu medo foi transformado em ousadia, coragem e valentia, ao ponto de entregar a sua própria vida.
Hoje celebramos dois homens que são modelos de vida, de fé, por isso são pilares da Igreja. São homens transpassados pelo amor do ressuscitado, não viveram uma fé mais ou menos, sendo e não sendo cristãos. A partir desta constatação, podemos nos perguntar: o que em mim se transformou, amadureceu desde que me assume como cristão, como cristã? Quais são as minhas principais motivações para assumir esta fé? O que me difere ou me aprimorar como homem, como mulher como Família, neste mundo a partir da fé cristã? Repito uma vez mais: a fé for somente por status ou tradição de família, se prepare, pois, uma hora a casa vai cair! A fé necessariamente precisa tocar o íntimo de cada indivíduo, ser vivida na alegria, na tristeza da vida, do contrário é uma fé construída sobre a areia, capaz de sucumbir por qualquer vento que passa. A fé precisa ter raízes profundas, precisa ser fecundada pelo amor e podada pelos desafios da própria existência. Mas acima de tudo, ela precisa ser partilhada.
Na 1º leitura dos Atos dos Apóstolos: 12, 1-11, temos a perseguição do poder romano e judaico sobre os cristãos e seus líderes. No relato da prisão de Pedro, testemunhamos que o poder de Deus é superior ao deste mundo e se manifesta no mistério da vida e na vivência do Mistério Pascal.
O Salmo 33 parece ecoar a própria experiência de fé de São Pedro: “de todos os temores me livrou o Senhor Deus! ” Este Salmo testemunha a experiência daqueles que como o Pedro fizeram uma verdadeira experiência de Deus e seu amor, sendo capazes de testemunhar com a própria vida a bondade do Senhor.
A 2º leitura da segunda carta a Timóteo 4, 6-8.17-18, apesar de não ser escrita por Paulo, mas por seus seguidores e comunidade, expressa algo de sua vida: a entrega total (combati o Bom Combate), motivo pelo qual sua vida foi martirizada.
No Evangelho de Mateus 16,13-19, temos uma passagem bíblica bastante conhecida: “quem dizem os homens que sou? ” Como vemos, Jesus questionou a muitas pessoas sobre quem ele era. Cada qual o concebia conforme a sua expectativa messiânica, no entanto Jesus queria saber o que seus seguidores compreendiam e esperavam dele: “e vós, quem dizeis que eu sou? ” Pedro se adiantou ao grupo e fez a sua profissão de fé em Jesus como seu Senhor e Deus.
A igreja nasce a partir da fé e não de uma herança cultural: “ não foi um homem que te revelou isso, mas o Pai que está no céu! ” Jesus apostou em pessoas simples, impulsadas pelo poder da sua graça, para levar adiante a missão do Reino. O ligar e desligar não se refere a um poder mágico, mas dentro da teologia mateana, significa preservar a causa da Justiça.
Do Reino instaurado por Jesus, Pedro se destaca como um dos líderes, chamado a manter a unidade da comunidade, segundo os valores deixados por Jesus. Oremos pelos nossos líderes espirituais, que não sejam apenas administradores paroquiais, mais encarnem a verdadeira missão do presbítero de estar a serviço da comunidade e da vida, velando para que a Igreja seja o lugar da acolhida, da alegria, da vivência do amor cristão, sem exclusão, sem poréns, sem burocracia, mas a casa do perdão da misericórdia e da comunhão.
Oremos pelo nosso querido Papa Francisco, que como representante Universal da Igreja não busca méritos para si, mas o autêntico seguimento a Jesus Cristo, sendo fiel à realidade de cada época.
Feliz semana para todos!
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