sábado, 2 de junho de 2018

Vida que se constrói, vida que segue


      Estamos iniciando um novo mês. O mês de junho é o mês de festa e de muita alegria. É também um mês muito significante para mim, onde completo meus 33 anos de idade e desejo compartilhar com vocês as maravilhas do Senhor em minha vida.

     Estamos celebrando o 9º domingo do tempo comum, onde em meio aos desafios e rigor da lei, Jesus faz a opção pela vida e dá testemunho do Reino de Deus. No entanto, quando alguns padres destacam em suas homilias a crítica ao governo e a política, muitos cristãos se revoltam e os acusam de serem comunistas. Não nego que existem muitas pessoas politizadas e que polarizam as coisas, mas negar este caráter do Evangelho, é desconhecê-lo, é desconhecer o próprio Jesus, que foi condenado e morto por razões políticas. Isso nós podemos conferir em todos os Evangelhos, onde Jesus constantemente tem conflitos com as autoridades judaicas que se sentiram profundamente ameaçadas por Ele, mesmo sendo judeu como eles. O diferencial de Jesus era seu agir a segunda sua liberdade interior, sempre em prol da vida, porque não queria que nenhum dos que o Pai lhe dera, se perdesse (Jo, 17), por isso, Jesus assume até as últimas consequências a entrega de si mesmo.

    Jesus será sempre nosso maior modelo, por ele existem os cristãos, mas será que somos cristãos a nível de Jesus? Olhemos irmãos cristãos, nossa realidade de Brasil e América Latina, frente a tanta atrocidade contra a vida e a dignidade humana. 

   Em um país em crise damos margem à corrupção, dizemos sim e exploração, ao superfaturamento das coisas que são básicas na vida do povo: alimento, gás, moradia, direito de ir e vir...  Gasolina é uma necessidade secundária para a maioria da população, por que tantas filas? Tantas brigas? Nosso país está quebrando e afundando pela enorme divisão que existe entre nós, já não nos vemos como nação, o que prevalece são os interesses pessoais de cada um, um povo assim e fácil de manipular, é fácil de jogar uns contra os outros. Estamos nos  destruirmos como povo, próprio evangelho fala que um Reino dividido não subsiste. 


     Nesses dias conturbados de greve, de escassez de alimento e gasolina, me chamou muito atenção a falta de senso crítico da população, os brasileiros mostraram seu sorriso passivo e senso de humor para rir de sua própria desgraça. Quantas imagens irônicas no WhatsApp, face... Onde está o povo que foi capaz de sair da ditadura, da fome e da miséria? Cadê o país que era capaz de se unir e gritar pelos seus direitos? Hoje nos faltam lideranças, mas o espaço precisa ser preenchido por cada um de nós, não podemos ser explorados e seguir sorrindo. Murmurar pouco funciona. Acorda Brasil! Acorda América Latina! Somos o continente da Esperança! Nosso solo é fecundo pelo sangue de muitos mártires que lutaram pela justiça e igualdade. Nós podemos, somos herdeiros de um povo guerreiro! Há mais de 200 anos, Tiradentes foi assassinado por questionar os impostos abusivos de Portugal, hoje nós nos matamos para consumir produtos superfaturados. O poder está no povo e com o povo. As lideranças religiosas e políticas estão a serviço de seu povo, e não o contrário! Nós nos deixamos explorar, colocaram em nós cabrestos e vendas, para nos conduzir ao abismo. Acorda Brasil, ou nos tornaremos uma nova Venezuela: faminta miserável e refugiada. Quem pede intervenção militar é porque não conhece a história do próprio país e a dor de tantos brasileiros que foram exilados, torturados, mortos e desaparecidos. Intervenção militar não é a solução, mas regressão! Acorda Brasil conheço seu passado e transforme teu futuro! 


A 1° leitura do livro do Deuteronômio 5 12-15, tem uma profunda relação com o Evangelho de hoje. Quando Deuteronômio fala do Sábado se refere a um dia de descanso para o povo, pois quando eram escravos no Egito, morriam pela sobrecarga de trabalho, mas agora como homens livres, podem descansar. O sábado seria também um dia para o Senhor que os libertou da escravidão do Egito. Após se constituírem como povo, estabelecem novos parâmetros de sociedade e de relação, porém na época de Jesus, o sábado havia se transformado em uma lei fria, que não estava mais a serviço da vida. 

      No confronto com as autoridades, Jesus questiona a dureza de seus corações. Reparem que a cegueira dos judeus era tão grande que já não eram mais capazes de perceber a presença de Deus em meio deles, através dos gestos de Jesus que realizava sinais de vida, libertando as pessoas de sua escravidão, como fez com o homem da mão seca. Eram incapazes de perceber Deus se manifestando e atualizando o Êxodo de Israel, Êxodo que também deve acontecer na vida de cada um de nós. Será que o mesmo acontece conosco hoje como Igreja, quando não acolhemos alguém por ser diferente, por ser fora dos paramentos das leis da Igreja? As leis da Igreja são reflexões e decisões humanas, mas o grande e eterno mandamento de Jesus é o amor. Jesus não tinha a intenção de fundar uma nova religião, mas resgatar a verdadeira lei de Yahveh para Israel: o mandamento do amor, que foi capaz de livrá-los da escravidão e constituí-los como o povo.

      Observe o gesto de Jesus: Ele pôs o homem enfermo no centro, lugar que deve estar a vida, pois do contrário, o poder e o autoritarismo terão a primazia. Todos sonhamos com o Reino de Deus, mas sem perceber semeamos as sementes do anti reino dia a dia. Por isso, voltemos ao senhor "ele é nossa força" ( Sl 80/81).

      Meus irmãos, é preciso reconhecer o que somos: barro, mas que levamos dentro de nós um grande tesouro 2° Cor 4, 6-11). Lembremos meus queridos, "que somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; de que somos perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados. 

Levanta Brasil! Acorda cristão!
Um Feliz final de semana para todos!

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