"Caminhante não há caminho, o caminho se faz ao andar" (Antônio Machado). Estamos no 3° estágio do itinerário quaresmal. Para cada um ele será experimentado de uma forma diferente conforme o chão que estamos pisando.
Na primeira leitura do livro do Êxodo 3,1-8a.13-15, temos a experiência magna que Moisés teve de Deus, uma experiência que não fechou se em si mesmo, mas foi sinal da salvação de Deus para uma nação: os hebreus cativos no Egito. Moisés que havia sido criado como um dos filhos do faraó, não conhecia até então. É bonito descobrir nesta passagem como Deus já se revela salvando, sem nada exigir. A iniciativa parte dele que ouve o clamor de seu povo.
Moisés foi escolhido e enviado para transmitir a mensagem de Deus e ser líder de uma libertação que ia além da escravidão física. Deus se antecipava a uma aliança de amor que deu origem a um povo. Moisés se considerou inapto para tal empreendimento, mas ao longo do caminho fez seu processo de amadurecimento e aprofundamento da experiência deste Deus. Sua única certeza consistia em servir ao Deus de seus pais, razão pela qual também resgatou suas origens familiares, como podemos constatar ao longo do livro do Êxodo.
O Salmo 103 realça o autêntico ser de Deus: bondade, que é percebida ou rejeitada, conforme os diferentes contextos culturais e familiares que estamos inseridos. Com isso não quero dizer que Deus é uma criação humana, mas as diferentes formas como o compreendemos sim. Muitas vezes o ser e o próprio agir de Deus é lido, baseado de acordo com nossas concepções.
No Evangelho de Lucas 13, 1-9, é reforçado o convite à conversão. A narrativa inicia com um movimento curioso: neste momento, o que pressupõe uma ação anterior relevante. Recordemos que o capítulo 8, conclui com a reanimação da filha de Jairo, celebrando a vida por excelência. Em contraposição a este relato, se abre para o leitor um novo cenário, onde Jesus é abordado por mensageiros desconhecidos que lhe informam do martírio brutal sofrido por um grupo de Galileus. A razão do assassinato também não é revelada, mas o autor do homicídio tem Pilatos como protagonista, que mais adiante surgirá no relato da condenação de Jesus.
O fato que mais escandalizou os portadores da notícia, consiste em que aqueles homens tiveram seu sangue misturado ao sangue dos sacrifícios oferecidos aos deuses pagãos (normativa para todo cidadão romano, excerto para os judeus que alcançaram a liberdade religiosa por meio de Herodes o grande). Estes creram quê isto ocorreu devido a má índole e pecado daqueles Galileus. Recordemos que na mentalidade semita tanto os benefícios, como os malefícios provinham de Deus, conforme os atos de cada um, ou seja, teologia da retribuição. A Deus só cabia o carimbo da sentença. Por esta razão Jesus os interpelou: "pensais que esses Galileus eram mais pecadores do que qualquer outro Galileu por terem sofrido tal coisa? Digo-vos que não. Mas se vós não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo". Jesus os ajudou a perceber que nem tudo o que ocorre na vida é fruto de nossos atos, mas consequência da injustiça e da ganância de um governo déspota (ditador). Igualmente os convidou a conversão, pois seus corações (centro da razão semita) estavam endurecidos, centrados em preceitos caducos. De acordo com a sua pedagogia inclusiva, cantou-lhes uma parábola para explicitar a essência do que queria transmitir.
A figueira que foi trazida a cena, era um símbolo bastante conhecido por todos, muito utilizado pelos profetas para representar Israel. Jesus demonstrou que a figueira estava estéril, já não produzia mais os frutos que Iahweh esperava dela, por isso era necessário revitalizá-la para que redescobrisse sua verdadeira vocação. A presença de Jesus em seu meio (Israel) representava a oportunidade que Deus lhes oferecia de conversão, por essa razão, tocou fundo em suas estruturas, pesadas pelo excesso de penduricalhos acumulados ao longo dos anos (leis, 613 preceitos, ritos, sacrifícios e etc) que no entanto afastava o próprio Deus e aqueles que desejavam Dele ter uma autêntica experiência.
Será que não temos seguido o mesmo caminho após uma caminhada de longos anos? O excesso de doutrinação, ritualismo exacerbado, a não acolhida, o rigorismo e o distanciamento da vida, especialmente daqueles que mais necessitam, serão termômetro para esta avaliação.
Na vida também podemos está uma figueira aparentemente frondosa, mas seca por dentro, presa as aparências, entretanto sem raízes e frutos. As pessoas que nos veem assim, se não são amigos verdadeiros desaparecem, desistem de nós. Também existem pessoas que diante do reconhecimento do fracasso pessoal, desistem de si mesmas, mas Deus não desiste, pelo contrário, nos oferece uma e outra oportunidade. Deus sabe de nossos defeitos, de nossas fraquezas e nem por isso, nos despreza porque sabe que o amor é o melhor remédio para alma em busca de si e da realização do projeto de Deus.
Convido a vocês que reconheçam as oportunidades de Deus que lhe são oferecidas e como as acolhe. Nossa existência terrena é breve para não despertar nossa consciência superior. Cada vez penso sobre a brevidade da vida e a importância de viver sem amarras. Esta semana perdi alguém extremamente importante em minha história pessoal que foi exemplo de amor, de vida, de cristão, de avô e de alegria. Um verdadeiro presente de Deus: meu querido Bené (Benedito Fernandes), que através de sua presença carinhosa, foi testemunho de uma vida frutuosa, fecundada pela presença de Deus.
Um fecundo domingo e semana
July Lima
Bom dia juju q graças são estas reflexções pra mim q o Espirito santo te ilumine sempre
ResponderExcluirNão entendi bem mas foi seu avô q faleceu? Meus sentimentos
ResponderExcluirOlá, sim ele era meu avô de adoção, uma pessoa super linda, alegre, amava cantat, contar casos. Era incrível...
ExcluirNão entendi bem foi seu avô q faleceu? Meus sentimentos
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