sábado, 17 de fevereiro de 2018

São as pequenas coisas que nos alegram, mas também ferem

Calar-se para poder ouvir



    “Entre os muitos significados de obediência, está o de prestar atenção e ouvir com cuidado para então agir de acordo. Ouvir com atenção pressupõe calar-se, pois enquanto eu mesmo estiver falando não consigo escutar. Ouvir com atenção significa ficar quieto e vazio para deixar-me encher por algo novo” (Grum e Andrea Schwarz).
    Estamos no mundo globalizado, porém carente de amor, de escuta que abrace o outro nas suas alegrias e dores. Algo mudou radicalmente, pois já não existe time interior para escutar, vivemos conectados e afanados, sempre correndo. Com 3 ou 5 minutos uma senhora conta toda sua vida no coletivo, porque não encontra em sua casa um coração que escute. 

    É irônico, mas a nossa juventude e outros correm o risco de perder ou de ter alguma alteração auditiva futuramente. Estamos com os ouvidos no lugar errado e até tapados. O que os olhos não veem, o pé esmaga. Os namorados não se ouvem, só transam ou discutem; pais e filhos se cobram, mas não se ouvem e se cuidam reciprocamente; patrões “vomitam” afazeres e arrogância sobre seus empregados, mas desconhece o potencial de sua equipe; as religiões pregam e decretam sentenças, mas não acolhem e orientam o povo; os políticos fazem suas leis e lavagens, sem o menor escrúpulo com a dor e miséria da população. 

    E necessário abrir em nós um espaço de silencio interior, “tempo em que seja possível ouvir, deixar de lado nosso ativismo, fazer e agir” (Grum e Andrea Schwarz). A população não percebe, mas estamos cada vez mais doentes e sujeitos a estresses, a infartos, pressa alta, diabetes, câncer de todos os tipos, entre outras doenças. Ao caminhar pelas ruas reparem quantas farmácia em uma mesma avenida, com promoções como se vendessem sapatos ou doces. 

    Estamos distantes de nós mesmos, alimentamos os prazeres do corpo e esmagamos o espirito, o mais íntimo de nós. “Estando em silencio podemos avaliar palavras, sons e assumir-nos, referir-nos a nós mesmos. Não é um emudecimento, mas um acolhimento, onde podemos admitir e nos arriscar e escutar com atenção para ouvir e deixar penetrar em nós aquilo que Deus quer” (Grum e Andrea Schwarz). 

    Doe-se ao outro e o acolha por meio do teu olhar, do teu sorriso e do teu corpo. O outro é um "sagrado" que se revela diante de nós.


Sempre vale a regra: “não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você” (Confusio).

Palavras são preciosas, importantes e valiosas
Não perca, pare antes de falar
Deixe que cresça em você antes que você as solte
Doe-lhe o silencio para que possam vi a ser

Acredite nelas para que possa pronuncia-las com convicção
Concentre-se, fique em você e torne-se substancial, limite-se
A força se encontra no pouco, perde-se no muito.

Anselm Grum e Andrea Schwarz

Fonte: livro, chamados a viver o evangelho de Anselm Grun, monge beneditino e Andrea Schwarz, leiga alemã. P 50-52.

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