sábado, 17 de março de 2018

Se alguém quer me seguir, siga-me, onde estou também estará



     Estamos no contexto do 5º domingo da quaresma, onde já fizemos um caminho com o Senhor, do deserto aos grandes centros, superando as tentações interiores e os desafios da vida. Estamos na reta final e novamente em Jerusalém. Os conflitos com os judeus (líderes religiosos) estão cada vez mais acirrados, o que faz aproximar a hora de Jesus. Este por sua vez, é bastante explícito no Evangelho de hoje: quem quiser me seguir, siga-me, onde estou também estará meu servo (Jo 12, 26), por isso, já não pode mais haver conflito de fé, seguir ou não seguir. Mas aquele que se decide por Jesus, está sujeito a mesma sorte: perseguição, incompreensão e cruz. Aqui Ele não fala da glória do glamour ou de céu, mas a glória de sua total entrega na cruz. Isto porque Ele fez um caminho de ruptura com as estruturas de sua época, pois seus valores eram os do Reino e seu segredo era o amor incondicional e inclusivo.




    Como cristãos devemos nos deixar questionar por Jesus e seus atos, mas caso fossemos budistas, judeus ou de outra religião, o Evangelho não faria diferença em nossa vida. No entanto, somos cristãos e professamos a fé em Cristo, por isso, pensemos o que é mais importante: Deixar-me guiar pelo Evangelho e seus valores, assumindo tudo o que implica ou prefiro um caminho onde tento agradar a todos, mesmo que implique ser desonesto de vez em quando?

    Tem muita gente por aí se dizendo cristão e crer em jesus Cristo, mas na primeira oportunidade é falso e apunhala alguém pelas costas, com fofocas e mentiras; se diz cristão e vive um matrimonio de aparências, onde não se respeita o conjugue; se diz cristão e vende o voto em troca de cerveja ou camisa; se diz cristão e sempre busca tirar vantagem em tudo, o maior exemplo disso, é o nosso senado brasileiro, onde existe até a bancada evangélica, mas que no entanto, está levando o país a miséria. 


Olhemos cada um para dentro de nós mesmos, avaliemos nossas práticas e deixemos Deus nos fala ao coração e agir em nossa vida, para que não seja mais uma páscoa, mas sim a verdadeira páscoa, em uma vida transformada e revitalizada.

    Na 1º leitura, temos o profeta Jeremias 31, 31-34, que narra o desejo de Deus de realizar uma nova aliança com a humanidade, mas uma aliança gravada no coração. Podemos reler esta leitura e contemplar em Jesus a grande aliança que Deus realizou com a humanidade, por meio de sua encarnação, vida, morte e ressurreição. 

    O salmo 50 traz uma bela oração de caráter penitencial, onde o salmista confessa seu pecado e eleva a Deus sua súplica em busca de um coração renovado.

    A 2º leitura da carta aos Hebreus 5, 7-9, uma epístola de caráter bastante cristológico, nos revela na narração de hoje, que Jesus foi fiel ao projeto do Pai mesmo passando pelo sofrimento.

    No Evangelho de João 12, 20-33, temos uma narração rica em detalhes que pode desembocar me muitas reflexões. O contexto se dá em Jerusalém, em uma das festas dos judeus, mas que não é mencionada, mas o grande destaque vai para Jesus que é reconhecido inclusive pelos povos estrangeiros, que se achegam as primeiras comunidades. É interessante notar a presença de estrangeiros no Templo de Jerusalém, mas desde aquela época já existiam os judeus simpatizantes, que assistiam as festas, mas não se assumiam como tal. 

    No diálogo com Felipe e André, Jesus confessa ter chegado sua hora. O capitulo 12 de João prepara para a segunda parte do evangelho (13,1-20,29), onde passaremos do livro dos sinais para o livro da glória, que relata a despedida de Jesus, seus últimos gestos e entrega total, no sacrifício da cruz, mas também sua ressurreição pelo Pai. Neste capitulo João retoma algumas coisas importantes da primeira parte (1, 19-12,50), pois João é uma grande catequese. 

   

    Para falar de sua morte, Jesus faz a analogia com o grão de trigo que encontra seu pleno sentido quando é fecundado na terra, onde amadurece e se transforma em uma nova vida, capaz de dar frutos. Jesus com sua morte nos faz participantes da vida nova oferecida por Deus. Essa vida nova se na adesão a vida e ao projeto de Jesus (cf. v. 26).

    João, assim como os sinóticos também dá testemunho da angustia, medo e dor que Jesus sofreu, mas que sobretudo buscou ser fiel ao Pai até as últimas consequências. No final da oração de Jesus ao Pai, temos o relato de uma teofania (Deus fala): “eu o glorifiquei e glorificarei” (cf. 28b), onde Jesus ouve a voz do Pai, enquanto os presentes só perceberam algo estranho, uma epifania (agir de Deus por meio da natureza, neste caso o trovão). É bastante interessante, pois Deus responde no íntimo e conforme a oração de cada um. 

    No final da narração, Jesus fala do chefe deste mundo que será vencido, Ele se refere a sociedade injusta que oprime, mas que não terá a última palavra na vida daqueles que nele creem.

Um feliz e santo domingo na presença do Senhor 
e uma linda semana

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