quinta-feira, 15 de março de 2018

A luta de Jacó com Deus



    Esta é uma das várias cenas intrigantes que encontramos nas Sagradas Escrituras. Esta passagem possivelmente seja conhecida por poucas pessoas. Em uma noite, Jacó a fim de receber a benção de Deus, saiu ao seu encontro, mas ao invés de um diálogo ou oração, encontramos a narração de uma luta de Jacó e Deus.

    A história é um tanto estranha, mas pode significar um modo de linguagem. Muitas vezes nós também travamos lutas com Deus, quando algo não vai bem em nossa vida. Nós o questionamos e acusamos de nos abandonar a própria sorte. A mesma situação se passou com Jacó. Recordemos que ele usurpou o lugar de seu irmão na benção da primogenitura, enganando seu pai, fingindo ser seu irmão Esaú.

     Jacó finalmente conseguiu a desejada benção e os benefícios que ela trazia. No entanto, não havia recebido a benção de Deus para ser líder de uma nação. Segundo Anselm Grun, a luta de Jacó com Deus significa a transformação interior que ele passou, ou seja, o momento em que teve que enfrentar a sua própria verdade. O encontro com Deus seria aí, o encontro com a verdade de si mesmo, sem máscaras ou falsidades. O encontro com a nossa própria sombra e feridas, não é nada fácil, mas ao mesmo tempo, se constitui um momento de graça, onde somos “quebrados”, mas restaurados.

    “Jacó depois da luta e de uma noite dolorosa, sentiu-se abençoado por Deus e que já não precisava se esconder atrás das aparências”(Grun).


    “O encontro com a própria verdade e com o próprio lado sombrio é como um sol que nos iluminar e coloca nosso caminho sob o brilho de uma suave luz. Nosso interior fica mais claro. E assim, atravessamos o desfiladeiro e chegamos a outra margem. Uma nova etapa começa em nossa vida, mas continuamos mancando, pois ficamos marcados pelo encontro com a nossa sombra. Andamos mais devagar e com mais cuidado em nosso caminho. Simultaneamente estamos abençoados e nos tornamos como Jacó: uma benção para as outras pessoas” (Grun).

Fonte: Passagens intrigantes da Bíblia, de Anselm Grun, p. 49-51.

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