Liturgia do 16º domingo do tempo comum. Uma das grandes santas Carmelitas, Teresa de Lisieux ou simplesmente Terezinha dizia: " a vida é um brevíssimo segundo, um só dia que escapa e foge (...)", por isso sua regra máxima de vida foi o amor. Creio que todos nós sofremos com esta realidade do tempo, porém o essencial da vida não pode está à mercê ou a falta dele. No Brasil, estamos curtindo a raspinha das férias do mês de Julho, e que agonia quando nos damos conta disso e constatamos que não fizemos a metade do planejado. No entanto, tudo isso me leva a refletir sobre a vida e seu valor, pois as vezes colocamos nosso valor e segurança naquilo fazemos e não na vida que vai sendo tecida diante de nós. Viver é um mistério supremo e o único, que me faz querer ir além e não apenas me contentar com as aparências ou com as coisas que nos são apresentadas, pois sinto pulsar dentro de mim um espírito de águia que deseja alcançar as alturas e o infinito, mas também aprender e abraçar com tudo o que a vida tem a oferecer.
O cuidado a vida será o centro da liturgia deste final de semana. No Evangelho de domingo passado, refletimos sobre a missão e o envio dos discípulos. No Evangelho de hoje: Marcos 6, 30-34, temos retorno dos doze, que compartilham com Jesus a alegria da missão e seu sucesso. Veremos também que o cansaço os acompanhava, por isso Jesus sugeriu ao grupo um momento de descanso em um lugar isolado, porém quando chegaram, foram surpreendidos por uma multidão que os seguia e que foi capaz de antecipar os seus passos. Ao se deparar com a situação, certamente os discípulos ficaram irados e incomodados. Reação que possivelmente eu teria, porém Jesus sentiu compaixão e os acolheu com ternura, sentiu sua dor, "pois eram como ovelhas sem pastor": sedentas, famintas e descuidadas, deixadas à sua própria sorte.
Jesus as acolheu com amor, dedicando a elas toda sua atenção e tempo. Ele as compreendia profundamente, era capaz de transformar suas dores em alegria e esperança.
Quando a vida está no centro, relegamos aos nossos caprichos e egoísmos. No entanto, que tarefa difícil, mas que não pode passar desapercebida a um cristão! Jesus poderia ter despedido a multidão e ter remarcado para um outro dia, porém abandonou os planos que tinha com seus discípulos e se colocou completamente a disposição daquelas pessoas. Quantas vezes já escutei a reclamação de pessoas que queriam se confessar, conversar ou mesmo que o sacerdote visitasse um familiar enfermo e receberam um não e a lista de horário dos atendimentos. Esta é uma das coisas que Francisco questiona, uma Igreja que apenas administra os sacramentos e centra sua maior preocupação na arrecadação de dízimos e tarefas administrativas, que certamente são importantes, pois uma casa sem organização é impossível de subsistir.
A Igreja em saída que requer o Evangelho e é insistência na boca do papa Francisco, não diz respeito somente aos espaços físicos, mas sobretudo, a uma mentalidade engessada, centrada em leis e normas regidas pelo direito canônico. Nossa lei maior é a vivencia do Evangelho. São de cristãos assim que o mundo precisa. Questionamos muitas vezes que ele está perdido e dando sinais dos fins dos tempos, porém nunca refletimos que em algo falhamos, pois podemos dizer que o ocidente sempre foi regido pelo catolicismo, não teremos nós falhado e colocado a centralidade em outras coisas? Quem se detêm com interesse na história verá que sim, porem, em cada tempo nos cabe dar vida a novidade do Evangelho. Ele não deixa margem para a exclusão ou qualquer tipo de segregação e, nos ensina que nada pode sobrepor a vida.
Que como cristãos, independente de qualquer estilo de vida, possamos rever nossas atitudes diante daqueles que recorrem a nós. Que possamos refletir sobre a nossa relação com o tempo, se nos tornamos seus escravos ou buscamos viver de modo mais pleno. Não importa a situação em que esteja, Deus sempre vela pelos seus filhos.
Oremos também pelos nossos pastores que são desafiados a inúmeras responsabilidades dia a dia, mas que mesmo diante de toda esta realidade, sejam capazes de ser verdadeiros pastores e animadores de comunidade, pois uma das grandes linguagens do amor, é o cuidado.
Feliz semana para todos vocês meus queridos irmãos! Percebam todos os cuidados recebidos em sua vida e multiplique-os.
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