O evangelho de hoje: Jo 6, 41-51, está em plena sintonia com domingo anterior, onde refletimos sobre o Maná (pão do céu) oferecido por Deus. Neste domingo o mesmo Jesus se revela como "pão de vida" enviado pelo Pai para alimentar o Novo Israel. Este alimento não se destina somente aos habitantes da Judeia ou Galileia, mas a toda humanidade que tem Sede e Fome de Deus.
Jesus se revela “pão” do céu, como aquele que não age por si mesmo, mas faz a vontade do Pai, mesmo que sua vida seja triturada como o grão de trigo.
Infelizmente as lideranças judaicas não compreenderam a Jesus e o seu projeto, seus corações estavam endurecidos para perceber os sinais de Deus ocorrendo diante de seus olhos, pois mantinham uma imagem de Deus muito diferente da representada por Jesus. Creio que algo semelhante ocorre com a nossa fé.
O pão oferecido por Jesus não se resume a algo material que alimentava por um momento e falta no outro, ele oferece um pão existencial que confere sentido de vida, instaura novas relações e pauta novos valores para a vida humana.
Alimentar-se deste pão é tornar-se profeta da esperança, da gentileza e do amor que sai ao encontro da humanidade em suas dores, lutas e sonhos. Comungar Jesus na sua Palavra, vida e Eucaristia é ser pão de vida a exemplo dele. Temos sido este pão ou nos limitamos a ser igrejeiros? Todas as orações, devoções e ritos são para nos configurar com Cristo, do contrário, vivemos uma fé aparente que se apoia em estruturas rígidas, em rezas e mais rezas, sem que haja qualquer transformação de vida. Muitos cristãos são criticados e com razão, pois o que mais deveria nos caracterizar é a vivencia indiscriminada do amor, no entanto, é onde mais pecamos.
Cada vez mais creio que o mundo precisa de profetas/cristãos da esperança, por meio de uma fé mais humanizadora e menos ritualista, que aqueça e cative o coração, a exemplo do mesmo Jesus, que em tão pouco tempo de vida pública, arrastou multidões atrás de si, por transmitir amor, antes de qualquer outra coisa. Tenho plena consciência que ao afirmar tudo isso, posso incomodar a muitos cristãos e líderes religiosos, sendo que cada vez mais vivemos um reflorescimento imposto do tradicionalismo, da insistência em resgatar coisas que caducas e engessadas, mas minha fé cresce a cada dia e me impele a uma ruptura com aquilo que não é vida em mim e na minha fé.
Como o cristã, como teóloga creio e me apaixono cada vez mais pelo Reino implantado por Jesus, assumido pela sua Igreja, mesmo que hoje esta Igreja esteja um pouco fria e distante desta linda missão. Eu creio nela como mãe, capaz de gerar vida e cuidar de muitos filhos. E ao celebrar o mês das vocações em agosto, desejo que seja realmente vocações a serviço da Vida em todas as instâncias, pois creio uma Igreja servidora e testemunha do Pão da Vida. Desejo ardentemente que ela reencontre seu caminho, para isso, me disponho como simples servidora ao seu serviço, partindo daquilo que Deus põe em mim e no meu coração.
Algum tempo já venho crendo que tudo que passamos na vida é para crescer e ser luz na vida de alguém. Isso me move: ser sal e luz de Cristo para a realidade que me cerca. Não sei o que serei amanhã, mas busco construir-me a cada dia, na certeza de ser amada e cuidada por Deus a todo instante, o que permite ser uma mulher imensamente feliz, apaixonada pela vida.
Neste final de semana (19º domingo do tempo comum) nos dedicamos agradecer a Deus o dom da vida de nossos pais. Que esta festa não se resuma ao comércio, apresentes e outros, mais seja o momento de celebrar o amor, à vida e de estar junto de quem amamos, pois, ser pai, ser mãe é participar ativamente da criação de Deus que se renova a cada instante.
Gostaria de me dirigir também aos jovens e aos homens de meia-idade, pessoas que podem se envolver sexualmente sem nenhuma responsabilidade com alguém, sem pensar nas consequências posteriores, isso quando não há prevenção e cuidado na relação. Um filho não pode ser um acidente! Um filho é uma escolha amorosa, o resultado do amor entre um casal. Quantos filhos sem pais! Quantas feridas e cicatrizes são abertas em crianças e adolescentes inocentes que são marcadas por toda a vida. Eu sou filha destas mesmas circunstâncias, sofri por anos as consequências de tudo isso, e que graças a tantas lágrimas derramadas, desafios, oportunidades e ao próprio Deus, fui cicatrizando e preenchendo as lacunas abertas no meu coração e na minha história, que fizeram de mim quem sou. Já tive muita vergonha da minha história, já sofri por ela, mas hoje ela se tornou motivo de salvação, pois é desde aí onde Deus me ama e se faz presente. No entanto, tudo que sofri não gostaria que ocorresse com outras crianças e adolescentes. Cuidem delas! Graças a Deus tive pessoas certas que me ajudaram, mas pode ser que elas não tenham. A paternidade é um dom, é responsabilidade, é alegria, é decisão, é desafio constante, é continua doação de amor, em uma entrega generosa. É um amor Ágape.
Desejo a todos um feliz final de semana e que repensem a sua paternidade a luz do Evangelho e a luz daquilo que Deus espera de cada um, pois o pão do amor, do cuidado não pode falta para aqueles que geramos.
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