segunda-feira, 17 de setembro de 2018


Neste final de semana celebramos o 24º domingo do tempo comum. Que a luz do nosso Senhor nos ilumine nesta nova semana e nos permita fecundar o chão da vida com está luz. Que cada um possa se sentir amado e cuidado por este Deus. 

A liturgia do domingo nos convidava a rever e renovar a nossa fé, não segundo os nossos interesses particulares, mas segundo a Revelação dada por Deus ao longo da história da salvação. Lembrando que essa história continua sendo escrita em nossos dias. 

O evangelho proposto foi o de Marcos 8, 27-25, que se encontra no centro do Evangelho de Marcos (cap. 8), onde se encontra o cerne da mensagem de Jesus, se dá a conhecer a sua verdadeira identidade e se estreita o caminho do discipulado, exigindo maior adesão dos seguidores. 

A passagem de Marcos 8, 27-35 pode ser dividida em três partes: Jesus com seus discípulos (27-31); Jesus e Pedro (32-33) e Jesus com a multidão (34-35). As cenas ocorrem próximo à cidade de Cesareia de Felipe, uma das cidades imperiais fundada na Galileia, onde certamente se encontravam as famílias mais ricas da região. 

A catequese de Jesus ocorre no caminho, nome com qual os primeiros cristãos foram identificados. No v. 29 b Jesus dirige uma pergunta intrigante aos seus discípulos: quem dizem os homens que eu sou? E em seguida, volta a pergunta para eles: e vós quem dizeis que eu sou? Jesus não pergunta por ter dúvidas sobre sua identidade, mas para sondar a compreensão de seus discípulos a seu respeito, bem como de seus gestos e palavras. 

Compreender quem ele é e compreender sua mensagem, é sumamente importante para aderir ao seu projeto. Muitos de nós carregamos uma compreensão equivocada sobre Deus. Nossa visão interna determina o modo como estamos no mundo, como nos posicionamos e como nos relacionamos. 


Eu mesma por muitos anos alimentei uma visão equivocada sobre Deus, foi necessário um grande caminho de fé, onde passei de um Deus do temor ao Deus amor. Achava que Deus me castigaria qualquer coisa e me vigiava a todo tempo, isso somado a outras coisas, me fizeram uma adolescente e uma jovem cristã medrosa por muitos anos. Esse tipo de fé leva a prática e a preocupação com coisas externas e rituais, sem que haja uma mudança interior. Estive por muitos anos em busca desse amor de Deus. Só pude preencher uma lacuna que me habitava, quando experimentei este amor. Hoje acima de tudo, sei que Deus me ama e que tenho responsabilidade sobre meus atos. Descobri que ele não me vigia, mas que me cuida a todo instante. De medrosa me tornei mais livre, mais feliz e menos rigorosa comigo e com os outros. Já não buscava mais a perfeição, mas o sentido de tudo. 

Como veem, eu tinha uma falsa imagem de Deus. Hoje igualmente existem muitos cristãos que suplantam a verdadeira imagem de Deus por outras que mais lhe convém. Imagens que justifica atitudes autoritárias, baseadas na lei e não na vida. Uma falsa imagem de um Deus milagreiro que está à disposição de nossos caprichos. 

No diálogo com seus discípulos, Jesus revela que sua hora de voltar para o Pai se aproxima (v.31), por isso, precisava ter a certeza de que seus discípulos dariam conta de assumir a sua missão. Pedro inicialmente parecia estar em sintonia com Jesus, mas em um diálogo íntimo (2° seção), revela que seu pensamento continuava na antiga esperança do messias glorioso. Pedro não podia crer em Jesus como servo sofredor, apresentado na primeira leitura (Is 50, 5-9). 

No v. 33, Jesus repreende a Pedro, chamando-o de Satanás, ou seja, aquele que gera divisão e está longe do projeto de Jesus. Por isso, o mandato é que ele volte para trás: volte para o discipulado. 

O terceiro diálogo de Jesus se dá com a multidão. Nesse diálogo Jesus é claro e objetivo, pois não quer que ninguém o siga com ilusões, por isso, adverte dos riscos e perigos de segui-lo, pois, seu seguimento implica renúncia, abnegação e uma fé capaz de suportar perseguições, incompreensões, morte. Uma fé capaz de romper com as barreiras da indiferença e da injustiça, que esteja disposta a trabalhar em prol da vida e de uma nova sociedade: mais justa e mais fraterna como nos propõe a segunda leitura de Tiago 2, 14-18. 

Desejo a todos uma feliz semana,
 iluminada pela Palavra e não por falácias

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