Celebramos neste final de semana, o 27º domingo do tempo comum, onde a Palavra nos mostra que não é bom que o homem, a mulher, que ninguém esteja só, o que nos constitui em sociedade, com organização própria. Por isso neste domingo nos dedicamos a “festa da democracia”, escolhendo nossos representantes no campo político e econômico, o que requer maior consciência do nosso voto.
A 1ª leitura de Génesis 2, 18-24, nos coloca no contexto do ato criacional. Nele percebemos que "Deus criou o mundo por pura generosidade, por puro prazer, sem razão, a não ser a de querer comunicar a própria vida" (Jean-Louis Ska). Isso é maravilhoso, Deus nos criou por e no amor, o que nos permite perceber que as misérias da vida não fazem parte do projeto de Deus, mas o resultado do rompimento com seu projeto inicial.
As Sagradas Escrituras testemunham o constante amor e cuidado que Deus tem para com o ser humano: " não é bom que o homem esteja só! Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele" (v. 18). Observem que Deus cria alguém semelhante ao "homem", não um serviçal ou inferior. De acordo com este segundo o relato da criação, Deus cria a mulher a partir do homem, do mais íntimo de seu ser (v.21-23), mas tem homem achando por aí que a mulher saiu da sola dos pés, o que justificaria poder pisar, maltratar e explorar a elas. A mulher simbolicamente pode ter sido criada a partir de Adão, mas quem é portadora de vida ela, quem é capaz de gerar, amamentar, cuidar e se sacrificar por amor a um filho é ela, enquanto que muitos homens diante da responsabilidade de um filho, desaparecem sem a mínima satisfação.
E aí podemos nos perguntar: de que serve conhecer e inventar milhares de coisas e tecnologia, se o coração do ser humano não sabe amar? Nascemos para o amor. "O ser humano foi feito para encontro, para o diálogo, para comunhão... Ele só existe quando há outro. O outro encontra-se inscrito no mais profundo de seu ser". Ao redatar estes versículos, o autor não se refere somente ao relato simbólico do primeiro casal, mas se dirige aos casais de todos os tempos, por isso afirma: o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher e os dois serão uma só carne.
O Salmo 128 geralmente é reservado as celebrações matrimoniais. Tanto ele como 127, buscam recordar o valor da presença de Deus nos atos humanos, pois estes serão em vão com sua ausência.
Convido a vocês queridos casais, a lerem juntos este belo salmo, degustem e reflitam sobre as palavras nele contidas.
A 2 ª leitura da carta aos hebreus 2, 9-11, nos recorda a ação salvifica de Jesus por meio de seu sofrimento de Cruz, que reconciliou a todos com Deus, recuperando a aliança perdida.
O evangelho de Marcos 10, 2-16, vemos novamente Jesus sendo posto à prova pelos fariseus. O tema é o divórcio, assunto polêmico para o judaísmo daquela época e para a Igreja de todos os tempos. Quando questionado sobre o divórcio, Jesus retoma as escrituras de Israel mostrando a lei mosaica e suas exceções. Ao mesmo tempo Jesus denuncia a dureza de seus corações, motivo pelo qual Moisés teria permitido a carta de divórcio. E hoje, como está o nosso coração frente o nosso cônjuge, permanece dureza de coração?
Cada um saberá, mas as pesquisas apontam para o aumento do número de divórcio, separação e até mesmo de violência entre casais, sendo ela verbal, física ou psicológica. Onde foi o amor que os uniu? Por que tanto desrespeito e desamor? Por que reduzimos o outro ao objeto sexual a disposição de nossos prazeres e caprichos?
O amor é o que nos une é o que dá sentido e nos plenifica. Por isso, Jesus recorda que Deus criou o homem e a mulher, semelhantes em dignidade, diferentes em sua peculiaridade física, emocional e psicológica, diferenças que são pontos de partida para uma relação plena, de comunhão
O casamento, a vida a dois é um continuo desafio, porém, quando bem vivido constitui uma beleza sem igual. Muitos casais se esquecem que no ato da bênção nupcial, selaram uma união entre si e também com Deus, mas com o passar do tempo, vivem seus problemas e seus dramas sem Deus, o que leva na maioria das vezes ao fim de um relacionamento. Por isso, casais, orem juntos, conversem sobre seus problemas, cultivem sonhos, planos, férias... façam valer o compromisso que selaram com Deus diante da comunidade, de se amarem, se respeitarem...
Nos últimos versículos, Jesus acolhe as crianças como privilegiadas de seus Reino. Nesta semana, dia 12 celebramos seu dia. Peçamos a Nossa Senhora Aparecida a benção para os nossos lares, nossas famílias. Lembrando que quando um casal se separam, as crianças são as que mais sofrem.
Feliz semana!
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