Os caminhos do Senhor “é um fio milagroso” e quase imperceptível, mas de grande força e magia como veremos a liturgia deste final de semana, onde a voz de Deus ecoa: “este é o meu Filho muito amado, escutai-o! ” É como se Deus nos dissesse: escutai-me: tu és meu filho, minha filha amada! Que vossos corações não se perturbem, pois eu estou convosco.
Estamos celebrando o 2º domingo da quaresma, período de mudança de vida para mim, onde sou convidada a deixar-me ser conduzida por Deus, o que para ninguém resulta uma tarefa fácil, porque insistimos em que Deus realize nosso querer e não o seu. Tudo isso ocorre porque temos medo e não confiamos o suficiente nele. Os planos de Deus para mim, para você ele existe, como eu não sei, pois estou constantemente aprendendo, no entanto algo que já aprendi: a pedir o dom da paciência e coração para compreende o seu querer. Algo precioso que ele me revela é que sou sua filha amada, ainda que erre e não o compreenda e persista em seguir um caminho mais fácil, onde arme a tenda da comodidade.
Na 1º leitura de Gn 22, 1-18, temos uma narrativa um tanto intrigante, de um Pai que para agradar a Deus, deveria sacrificar seu filho. Como entender esta passagem? Esta leitura não pode ser levada ao pé da letra. Ninguém sabe ao certo o que teria acontecido, no entanto o pensamento mais lógico é de que Abraão teria sido influenciado por outras religiões que realizassem o sacrifício humano e teria acreditado que para agradar a seu Deus, deveria também oferecer tal sacrifício. Mas a leitura revela que o Deus de Israel, é o Deus da vida, que protege os inocentes. A partir desta leitura podemos nos perguntar, que imagem temos de Deus?
O salmo 113 exclama: “andarei na presença de Deus, junto a ele na terra dos vivos”! ´´Neste salmo temos a oração de alguém que deseja trilhar os caminhos do Senhor. Assim fazem muitos cristãos, mas na maioria das vezes quando saímos do templo e estando no mundo, nos revelamos capazes de dar testemunho de Deus, tratando com indiferença seu semelhante.
Na 2º leitura de Rm 8, 31-34, se Deus é por nós, quem será contra nós? Creio que somente nós mesmo podemos nos afasta de Deus, se não nos revestimos de fé, esperança e caridade com os outros, do contrário seremos capazes de ver, compreender e acolher os sinais de Deus em nossa vida, pois os coisas ruins entram quando abrimos espaço a elas.
No evangelho de Mc 9, 2-10, Jesus revela sua verdadeira natureza diante de seus amigos mais íntimos: Pedro, Tiago e João. Mesmo que o caminho de Jesus não tenha sido fácil, os discípulos puderam ver que Deus iria transformar a morte em vida plena. Pedro assim como nós, não compreende os planos de Deus e busca um caminho de gloria, de sucesso, por isso exclama: “armemos aqui três tendas, ” esquecendo que sua missão era no meio do povo. Quantas vezes nós negamos os desafios e durezas da vida e fantasiamos outra realidade. Todos fazemos isso! Certamente se pudéssemos escolher, não haveria dor, sofrimento, mas o próprio Jesus nos mostra que é preciso viver plenamente nossa existência, com tudo o que ela implica e não a nos acovardarmos.
Sabendo de nossas limitações, Deus nos convida a ouvir a sua voz e nos aponta para Jesus, sua presença em nosso meio. Presença que tantas vezes nos esquecemos e nos faz sentir abandonados até mesmo por ele. O modo como vivemos hoje, pode ser um perigo que nos faz esquecer que somos filhas e filhos amados de Deus e que ele permanece junto a nós em todos as etapas da nossa vida, especialmente quando passamos pelo deserto e somos desafiados a mudar. É ele quem permite nossa pascoa pessoal, por isso ouvi e abri os vossos corações a ele.
Feliz semana, deixando ecoar esta voz de Deus!
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