Vigília pascal
Uma noite onde simbolicamente passamos das trevas para a luz, onde celebramos a vitória de Cristo sobre a morte. Uma celebração profunda, mistagógica, que nos introduz no mistério salvífico. Com o canto do pregão pascal, temos a proclamação da pascoa, que faz um repasse poético por toda a história da salvação: do pecado a vida nova em Cristo.
As leituras seguirão a mesma dinâmica, mostrando a fidelidade de Deus com sua criação, por isso caminhamos de gênesis, onde Deus tudo cria por amor (Gn 1, 1-2,2), passamos pela aliança que ele sela com Abraão, com a promessa de benção, descendência e terra (Gn 22,1-2.9-15,18). Com a leitura do êxodo 14, 15-15,1, vemos que Deus sai em socorro de seu povo, por meio de Moisés. Este será o credo central dos judeus, fazer memória do Deus que os libertou do Egito e os conduziu a terra prometida. As demais leituras de Is 54,5-74, Is 55,1-11, Br 3,9-15.32-38; 4,1-4, Ez 36, 16-17ª.18-28 podem ser omitidas, segundo os critérios e realidade de cada comunidade, pois são leituras complementarias, reafirmando a promessa e presença de Deus no meio de seu povo.
As demais leituras são do Novo Testamento: Rm 6, 3-11, uma leitura bastante apropriada para os catecúmenos que antes eram batizados nesta data, lembrando a todos que o batismo é um morrer e nasce com Cristo para uma vida nova. Temos também a leitura do evangelho de Marcos 16, 1-7, onde Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e Salomé saem para ungir o corpo do Senhor, mas ao chegar no sepulcro compreendem que seu Senhor não habita entre os mortos, mas entre os vivos. Novamente o convite é para sair, ir a “outra margem”, voltar a Galileia, onde tudo começou, onde seus corações bateram mais forte com a presença e ação de Jesus. Toda a comunidade é convocada a dar continuidade a sua pratica, impulsada pela sua presença vivificadora, ressuscitada. Uma presença experimentada na ausência. A ressurreição de Jesus é um mistério histórico, mas um dom de Deus para os seus, e resultado de sua ação poderosa, que nos permite compreender toda a vida de Jesus
Reparem que Jesus não se manifesta em uma presença triunfalista, no entanto, vemos que mesmo tendo passado pela morte e ressurreição, segue o caminho da simplicidade que se abre para uma experiência pessoal e comunitária e não uma experiência imposta ou ameaçadora. É curioso ver que ele não se manifesta aos doze, mas as mulheres que se mantiveram fiéis até o fim. Ele transfere às mulheres o privilégio da descoberta do poder da ressurreição. Sob o testemunho delas é que eles são desafiados a ir ao encontro do Mestre na Galileia.
Que nos deixemos encontrar pelo Senhor ressuscitado, pois ele constantemente sai ao nosso encontro, nos oferecendo uma vida nova, transfigurada.
Oração final:
Nosso Deus e nosso Pai que ressuscitaste Jesus dentre os mortos, Ele tendo ressuscitado ofereceu a paz: “a paz esteja convosco”. Concedei-nos o dom da Paz. Defendei-nos do mal e de todas as formas de violência. Que tenhamos vida digna, humana e fraterna.
Ó Jesus que morreste e ressuscitaste por amor, afasta de nossas famílias e de nossa sociedade todas as formas de desesperança e desanimo, para que vivamos dignamente e sejamos portadores da tua paz. Que o teu Espírito nos conduza pelo caminho da verdade e da justiça.
Afonso Murad
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