Estamos no contexto da Ressurreição experimentando com os primeiros cristãos a passagem da morte para a vida. Compreender a ressurreição de Jesus é algo que toca no mistério, pois não basta querer entender com a mente, é preciso experiênciar com o coração, fazer a experiência do ressuscitado, deixasse tocar por ele, a exemplo do Apóstolo Tomé, que desejava ver e tocar a Jesus, mas foi ele o tocado pelo Senhor ressuscitado, narração que vimos no domingo passado. Na narrativa de hoje, temos o testemunho dos discípulos de Emaús, que após a experiência do ressuscitado voltaram ao seio da comunidade, como vemos, a experiência da Ressurreição é algo pessoal, mas que é enriquecida na comunidade.
A fé também é um processo testemunhal, pois o que experimentamos somos chamados anunciar aos outros:" sereis minhas testemunhas" Atos 1, 8b. O testemunho se dá especialmente na vida concreta, com gestos e palavras transfigurados. A vivacidade do testemunho é algo que nossas religiões precisam recuperar, pois sobressai o peso das estruturas e falta a voz e a leveza do Espírito Santo que conduz a história da humanidade.
Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos 3, 13-19, temos um anúncio querigmático sobre Jesus, pelo apóstolo Pedro. Como vemos, a experiência da Ressurreição dá espaço ao novo: em lugar do medo, sobressai a coragem, a ousadia, a tristeza cede lugar a alegria, a esperança e a fé. Pedro mostra que não existe ruptura entre o Deus de Israel e o Deus de Jesus, ao mesmo tempo que denuncia os judeus por terem matado Jesus. Convida a todos a conversão de coração, pois a proposta de Jesus é aberta para todos, desde que estes acolham sua proposta.
No salmo 4: " sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face", temos um salmo de confiança, de alguém que experimentou a bondade de Deus, por isso testemunha suas maravilhas.
A segunda leitura da 1º carta de São João 2, 1-5a, temos o testemunho a respeito de Jesus como nosso defensor junto do Pai, por ser aquele que penetrou na fragilidade humana e ofereceu salvação.
O Evangelho de Lucas 24, 35-48, temos o regresso a comunidade dos dois discípulos tristes, que não compreenderam o que havia acontecido com Jesus. Decidiram regressar ao povoado de Emaús, deixando para trás todo o vivido com Jesus e seus companheiros de caminho, mas justamente no caminho de regresso fizeram a experiência do ressuscitado. O mesmo caminho de regresso se tornou o caminho de partida. É interessante notar que no início os cristãos eram conhecidos como os do caminho, pois como as estradas do Império Romano eram boas e seguras, os cristãos saíam anunciando o kerigma de Jesus Cristo.
Os discípulos de Emaús encontraram a comunidade reunida e contaram tudo o que havia acontecido, mas foram surpreendidos pelo mesmo Jesus ressuscitado: cerne da Comunidade Cristã, com a saudação da Paz: a paz esteja convosco! No entanto, os discípulos ficaram assustados e cheios de medo, sinal da dificuldade de assimilar a ressurreição.
A atitude de Jesus é cheia de amor pelos seus. Ele se mostra como aquele que sempre caminhou com eles. Reparam em que a partilha e a fração do pão é algo presente nas primeiras comunidades cristãs, símbolo de comunhão e de simplicidade. Por estes gestos, os discípulos creram no ressuscitado e se tornaram suas testemunhas. Nós os cristãos somos herdeiros da Fé dos Apóstolos e enviados a testemunhar com a vida, a vida nova e ressuscitado em Cristo.
Um Feliz final de semana na presença do ressuscitado!
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