Estamos celebrando o 4° domingo da páscoa. Domingo que fazemos a memória do Bom Pastor, aquele que dá a vida por suas ovelhas. Jesus é o verdadeiro Pastor que doa sua vida por amor, se revelando um Deus que sai ao encontro do seu povo e o cuida com muito amor.
Um verdadeiro líder e pastor é aquele que está à frente de seu povo, equipe, não como um dominador, mas como um guia e luz, motivando para a meta.
O verdadeiro pastor é aquele que conduz para a liberdade e conhece o seu rebanho. Os falsos pastores pelo contrário, sufocam as ovelhas, não as conhece e as manipula.
Hoje estamos em uma enorme crise de liderança e verdadeiros pastores, que confundem sua missão com o poder e o autoritarismo, em lugar do serviço e do bem comum. O modelo de pastor e líder para os cristãos e cristãs, será sempre o mesmo Jesus, que por amor ofereceu a sua própria vida em favor da humanidade, em um gesto oblativo salvífico.
Ao contrário do que muitos pensam, a missão de Jesus não foi algo somente pontual, em um lugar e época específica, mas faz parte da Revelação plena de Deus aberta para toda a humanidade, para os homens e mulheres de ontem, de hoje e de amanhã. Daí a importância da vida testemunhada dos cristãos, pois somos os continuadores, testemunhas deste legado de Jesus, reproduzindo seus mesmos gestos e palavras. Portanto, exclusão, sectarismo e preconceito, não fazem parte deste projeto, por isso somos convidados a rever nossas atitudes frente ao outro, ao diferente, ao estrangeiro, ao homem ou a mulher homossexual, ao pai e a mãe de família divorciado, pois o dom de Deus é oferecido a todos sem medida, tendo como primazia os excluídos e marginalizados.
Na época de Jesus alguns pastores castigaram as ovelhas extraviadas violentamente para repreende-las, Jesus pelo contrário, se mostra um pastor diferente, o pastor por excelência que não nos trata segundo o nosso comportamento, mas um pastor que cuida de todas com amor.
O mais importante no que diz respeito a fé, é fazer a experiência do Bom Pastor na vida concreta, cada um o experimenta segundo a sua realidade e história pessoal. Eu mesma sou muito grata a Deus pelos seus inúmeros cuidados para o comigo, através de familiares e amigos, detalhes de vida que provém somente de Deus, por isso não tenho vergonha de viver feliz testemunhando com minha peculiaridade, o amor e a ternura de Deus.
O Papa Francisco sendo homem transfigurado por Deus, tem sido um verdadeiro pastor frente às dificuldades e demandas da Igreja sabendo dialogar com diferentes credos religiosos em favor da paz entre as religiões. O verdadeiro líder e pastor são assim: promotores do diálogo, da paz e da vida.
Na primeira leitura de Atos 4, 8-12, temos o discurso querigmático do Apóstolo Pedro, aquele que antes fora traído pelo medo, anuncia a Jesus com ousadia, denunciando a covardia das lideranças judaicas que rejeitaram a Jesus e o projeto de Deus. No entanto, aquele que foi rejeitado tornou-se a base fundamental de um novo jeito de viver, uma vida cristificada, a luz do Cristo ressuscitado. Isto nos canta o Salmo 117 que nos convida a dar graças ao Senhor pela sua Bondade e Misericórdia. Este Salmo é maravilhoso, contém sábias palavras: " é melhor buscar refúgio no Senhor do que pôr no ser humano a esperança, é melhor buscar refúgio no Senhor do que contar com os poderosos deste mundo!" São palavras profundas e poéticas, por isso, convido a cada um a orar com este salmo, degustando cada palavra.
A 2º leitura da 1º carta de São João 3, 1-2, nos mostra que a fé que professamos é um grande mistério salvífico, um presente de amor que nos une mais a Deus, o qual podemos chamar de Abbá: Pai. A Revelação será mais plena quanto mais o mundo o conhecer, não por palavras , impostas, mas pela força do amor e do testemunho cristão.
O evangelho João 10, 11-18, estamos no contexto do conflito e diálogo de Jesus com as autoridades judaicas, onde ele denuncia o sistema injusto que explora e que não se abre para acolher o Filho de Deus na carne.
Podemos perceber que no Evangelho de João aparecem algumas auto revelações de Jesus: eu sou, que lembra a experiência que teve Moisés na sarça ardente, onde conheceu o Deus de seus pais, que saiu em socorro de seu povo. Jesus por sua vez, se revela o Deus da vida, enviado, o mesmo que se revelou a Moisés e não uma caricatura de Deus, em uma religião que tornou fria, legalista. Jesus é o bom pastor, líder que segue um caminho de ruptura com as leis caducas de Israel, ele é um pastor diferente que conhece suas ovelhas, sua realidade e também se faz conhecer por elas.
O mercenário que o texto faz referência, era alguém que trabalhava somente por dinheiro, por interesse e que diante do perigo e da ameaça fugia abandonando aqueles que estavam sobe sua proteção, Jesus pelo contrário, trabalha na gratuidade, no amor, por isso é livre para entregar sua vida, porque se sabe amado pelo Pai.
"Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil" (v. 16), este versículo mostra que Jesus tem outras ovelhas, para além da casa de Israel. A Igreja deve fazer ressoar a voz de seu Pastor, para que todos possam ouvi-lo e para que o mundo seja unificado pelo dom de sua vida e entrega. Este unificado não significa uniformidade, todos iguais, no mesmo modelo, mas significa comunhão, unidade a partir daquilo que Jesus nos ensinou com exemplo de sua mesma vida. Na liberdade do amor Jesus entrega sua vida: "ninguém tira minha vida, eu a dou por mim mesmo" (18). Quem professa a fé em Jesus Cristo também é convocado a viver na mesma dinâmica de entrega e de amor, pois o mundo só será renovado com a força do amor e do respeito mutuo, onde vemos no outro parte de nós mesmos, irmãos, semelhantes desde o ato da criação.
Desejo a todos um Feliz final de semana
ouvindo a Voz do Bom Pastor
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