quinta-feira, 10 de maio de 2018


Estamos celebrando a 6°semana da páscoa, período de grande mistagogia que nos encaminha para a celebração da festa da Ascensão do Senhor e a festa de Pentecostes, que fazem parte de um único evento: a ressurreição de Jesus. Mas esta semana também nos aponta para a verdadeira prática Cristã: a vivência do amor, que é o distintivo dos cristãos, algo reafirmado pelo padre Jandir em uma de suas homilias. A vivência do amor é algo Inclusivo, a exemplo do próprio Jesus, que em sua vida pública, não fez acepção de pessoas, mas testemunhou ao extremo o amor de Deus pelos seus filhos e por toda a criação. Na verdade seria estranho e até mesmo incoerente, se Deus fizesse acepção de pessoas, sendo ele a origem de toda a vida, inclusive da liberdade humana.

    A fé professada no Deus de Jesus Cristo, é uma fé viva que requer de nós amor ou amor, não temos escolha. No entanto, esta palavra , AMOR, está desfigurada de seu real sentido, o que não ajuda a compreender a prática do evangelho como a prática do amor. O amor em linguagem popular de tornou algo meloso, banal. Isso podemos ver claramente nas músicas sertanejas, onde o amor se tornou sinônimo de sofrência. Realmente amar dói como dizia Madre Teresa de Calcutá, porque ele não desacomoda, nos desinstala.

   Tomando o exemplo do amor de uma mãe, percebemos uma entrega total, onde ela já não vive mais para si, mas em doação continua aos seus filhos. Este é o amor que a Igreja está chamada a assumir. Um amor vivenciado na alegria, na acolhida, onde exista lugar para muitos filhos, pois no mundo existem muitos filhos que se sentem órfãos, desamparados pela sociedade, pela Igreja, pela família, clamando por carinho, por amor e atenção. O Espírito Santo também está presente neles, porque Ele é livre, sopra onde quer, em quem quer e como quer! Isso podemos ver muito bem na 1°leitura de domingo, dos Atos dos Apóstolos, na pessoa de Cornélio e sua família, a manifestação de Deus em suas vidas, algo que surpreendeu a Pedro e os cristãos de origem Judaica. 

  Linda e profunda de significados, é a atitude de Pedro que diante de Cornélio não se reconheceu como alguém superior, mas um simples homem. Que também possamos nos reconhecer como aquilo que somos diante do outro, sem ostentação, sem prepotência, mas com simplicidade, não com superioridade por mais que exerçamos um ministério ou sejamos consagrados a Deus. 

    O Salmo 97 exclama aquilo que muitos cristãos não conseguem perceber: que a salvação de Deus é para todos, porém que precisa ser inculturada, para que seja viva nos diferentes contextos onde ela é professada.

     A 2° leitura da 1°carta de São João, é mais clara ainda em relação a vivência do amor. São João nos diz que "quem não ama, não conhece a Deus" ( 1º Jo 4,8). Reitero uma vez mais que o amor não é mero sentimentalismo, beijos e abraços, mas algo capaz de nos fazer respeitar e acolher até mesmo nosso o inimigo, capaz de romper com as barreiras do medo, da mágoa, da discórdia, do rancor... No entanto, isso não é algo mágico, que acontece do dia para a noite. Isso requer persistência, paciência e muita abertura de nossa parte para deixar tocar as feridas, no entanto é um processo libertador, que nos restaura desde dentro e nos capacita para a comunhão. 
   

     O Evangelho de João 15, 9-17, continuação do Evangelho do 5°Domingo da Páscoa, que se insere no discurso de despedida de Jesus (capítulos 13-17), se harmoniza com toda a liturgia, sobre a vivência do amor cristão, mas com um diferencial: a medida do amor é amar como Jesus: "como o Pai me amou, assim também eu vos amei (v.9). Um amor vivido na entrega generosa de si mesmo, um amor vivido na alegria, que plenifica a vida, do contrário, não é amor. 

    Outro fato notório desta narrativa, é a relação que Jesus desenvolve com os seus discípulos, uma relação de amizade, de confiança, de iguais, sem hierarquia, burocracia, sem clericalismo, sem autoritarismo, mais uma relação a exemplo da Trindade, onde todos vivem na alteridade daquilo que são, em plena comunhão.

Que tipo de relação estamos tescendo? 

Que Igreja queremos que Igreja ou que construímos? 

Seja o que for que sonhamos, 
este sonho começa com cada um de nós! 
Uma excelente sexta-feira.

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