Estamos em um final de semana repleto de comemorações: celebramos como a Igreja a Ascensão do Senhor, o retorno de Jesus para a esfera divina. Celebramos o dia mundial das comunicações sociais e o dia das Mães, um dia dedicado a refletir sua importância em nossa vida.
A festa da Ascensão do Senhor faz parte de um único evento: a ressurreição de Jesus. Na liturgia de hoje, contemplamos o retorno de Jesus para junto do Pai. Sua presença passa a ser experimentada de um modo novo: presença na ausência.
Aqueles que fazem uma verdadeira experiência de Jesus, não precisam de visualiza-lo em coisas externas, mas são capazes de descobri-lo vivo, presente dentro de si e nos fatos da vida. Quando o experimentamos deste modo, nunca sentimos sede de coisas superficiais para viver a nossa fé, porque Ele vive dentro de nós, como uma fonte de vida que a tudo renova. Isso não quer dizer que estamos livres de problemas e desafios, o diferencial é o modo como os enfrentamos. Eu mesma em meu processo de fé, fui aos poucos amadurecendo, passando da fé de um Deus do medo, ao Deus amor. Fui aos poucos nos Evangelhos descobrindo um Jesus apaixonante que passou a nortear toda minha vida. Mas por um bom tempo, desejei um Deus mágico, um Deus que eu pudesse tocar, no entanto, o processo da fé é o contrário, nós somos quem precisamos ser tocados. A fé e o amor que tenho hoje, me libertam dessas pretensões de querer manipular a Deus segundo os meus caprichos. Me libertam de resumir o Sagrado aos ritos e as devoções. O Deus que creio é aquele que me faz enfrentar dia a dia, as minhas limitações e os desafios da vida com coragem, com a cabeça erguida. É o Deus que me lança para o alto, para adiante e para o coração da realidade que me circunda.
Na solenidade da Ascensão do Senhor, celebramos a memória de um Deus com sua Encarnação marcou o antes e o depois da história da humanidade. Celebramos um Deus que está nas alturas mas também presente em cada história que é construída. Jesus volta para um Pai levando muito de nós e deixando muito de si.
A leitura dos Atos dos Apóstolos 1,1-11, nos mostra que o Cristo da fé é o mesmo Jesus de Nazaré que ensinou um novo jeito de ver a Deus e que foi morto na cruz.
O número 40 tem um valor simbólico/teológico, faz relação com os 40 dias de Jesus no deserto antes de iniciar seu ministério. Agora a comunidade crista está se preparando para viver seu testemunho e ser capaz de enfrentar todas as adversidades que implica este anúncio.
É interessante notar que em torno da mesa e na fração do Pão é que a comunidade faz a experiência do ressuscitado e vai aos poucos compreendendo a sua missão.
O pedido de permanecer em Jerusalém, deve ser até o momento do batismo no Espírito Santo, momentos que eles estarão preparados para a missão do anúncio do Reino, pois a comunidade não fala em seu próprio nome, mas age na força do Espírito.
Podemos ver no v. 6 que os discípulos ainda mantinham a fé no reino davídico, que se levantaria contra o império romano. Vale ressaltar que muitos cristãos atualmente, especialmente na linha pentecostal e neo pentecostal, mantém viva esta mesma esperança, de que Deus virá destruir os maus e o mundo inteiro.
A prática de Jesus já instaurou o Reino a partir da acolhida aos pobres e excluídos. Jesus explica no v. 7 que não se trata de restaurar o reino de Israel, mas de testemunhar tudo o que viram e ouviram de Jesus.
O relato da ascensão que vemos a partir do v. 9, é completamente mítica, um modo falar para expressar aquilo que escapa a razão humana. É importante que Jesus permanece de algum modo na história. Não é uma fuga do mundo, como antes era interpretado, pois ele se faz continuamente presente entre os seus.
Na ascensão ele é exaltado, glorificado, por isso, "a parusia será a manifestação gloriosa de Jesus que sempre esteve presente na comunidade" (Pablo Richard). Esta permanência de Jesus, permite o nascimento da Igreja e que ela seja fecunda.
No Salmo 46, temos uma oração majestosa que canta a glória de Deus e sua grandeza.
A carta aos Efésios 1, 17-23, segue em sintonia com toda a liturgia, porém em uma linguagem mais formal deutero paulina.
No evangelho de Marcos 16, 15-20, temos o mandato explícito de Jesus aos seus discípulos para anunciar a Boa Nova do Reino, tema com o qual o evangelista Marcos abre o o seu evangelho. Esta Boa Nova, no entanto, foi por muitos anos, foi um peso para muitas culturas que foram atropeladas em sua singularidade. A Boa Nova que é fiel ao Evangelho gera vida e comunhão, tal como uma mãe fecunda que gera em seu seios muitos filhos.
Celebramos neste final de semana o Dia das Mães, elevemos ao Senhor nossa ação de Graça generosa pela alegria de ter pessoas tão queridas em nossas vidas, elas que nos conhecem mais do que
qualquer pessoa no mundo e que seriam capazes de dar suas vidas em troca das vidas de seus filhos. Quer amor maior do que este?
Oremos meus queridos irmãos por elas, valorizemos enquanto as temos. Que sejamos capazes de cuidar daquelas que nos deram a vida.
Celebramos também neste domingo, o dia mundial das comunicações sociais. Valorizemos e demos graças a Deus por ela, pois tudo que realizamos precisamos delas, no entanto, que possamos também nos questionar diante daquilo que nos chega pela mídia. Por que tanta insistência em notícias depreciativas, repletas de violência, corrupção e tragédia, sendo que existem tantas coisas boas acontecendo pelo mundo? A quem interessa tudo isso? Quem escolhe as notícias que chegam até nós?
Existem Boas Novas acontecendo a todo instante, no entanto precisamos ser anunciadores audazes.
Bom final de semana para todos,
especialmente para nossas queridas Mães!
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