domingo, 30 de setembro de 2018

Conhecendo o livro da Sabedoria



Para ser sábios precisamos constantemente fazer escolha, ponderar e discernir. 

O prometido artigo sobre o livro da Sabedoria vem fechando o mês de setembro com a grata memória de São Jeronimo. Espero que apreciem o conteúdo e se lancem cada vez mais no mistério de um Deus que se revela na história continuamente.

O livro é conhecido como a sabedoria de Salomão ou livro da sabedoria. Foi escrito em grego na cidade de Alexandria, pelos judeus da diáspora, em torno do 50 a. C, motivos pelos quais não entrou no cânon judaico, visto que umas das maiores exigências do cânon consistia em escritos na língua hebraica ou aramaica. 

Cronologicamente foi o último livro escrito do Antigo Testamento, sendo atribuído a Salomão, símbolo da sabedoria de Israel. O autor escreveu para dois públicos específicos: judeus e pagãos: para os judeus escreveu em uma tentativa de fortalecer sua identidade como povo de Deus, e aos pagãos para demonstrar que a sabedoria de Israel era superior à grega. 

Nos capítulos iniciais sobretudo insiste que a sabedoria e a imortalidade se alcançam pela pratica da justiça. 

O livro pode ser dividido em três parte: 
  • 1º parte: sabedoria dá sentido à vida: 1,16-5,23; 
  • 2º parte: natureza da sabedoria: 6,1-9.18; 
  • 3º parte: longa meditação sobre o Êxodo: 10,1-19.22. 
Na primeira parte do livro (1, 1-6,21) há uma clara formulação da doutrina imortalidade”, que exigia dos judeus uma fidelidade a Deus e a pratica da justiça para alcançá-la, enquanto que aos ímpios estava destinado as tribulações e sofrimentos. 

Na segunda parte: 6, 22-9,18, o conceito de sabedoria passa a significar a relação entre Deus e o ser humano

Na segunda parte: 10,1-19,22, é uma grande releitura e interpretação da história para aplicar as novas circunstancias. O autor faz uma releitura teológica e moral da libertação do Egito para atualiza-la aos contemporâneos. 

O capitulo 10 se refere a sete figuras patriarcais, desde a origem até o Egito: Adão, Abraão, Noé, Ló, Jacó, José e Moisés, mostrando que a Sabedoria conduz a história e nela realiza a justiça divina. Os capítulos 11 aos 19, descrevem a manifestação do juízo histórico de Deus, através de sete acontecimentos ocorridos durante a saída do Egito. Se acentua fortemente o castigo contra o Egito, símbolo dos ímpios e a salvação para os hebreus, símbolo dos justos, que abraçaram a sabedoria de Deus. 

Para o autor, a sabedoria será sempre o único meio que os governantes têm para fazer o que é justo, por isso abre seu livro com um apelo à justiça para todos os governantes: “amem a justiça, todos vós que governam a terra” (1,1). Também se refere a sabedoria com uma noiva que devem desposar para bem administrar. Os capítulos 7 e 8 elencam os diversos atributos da sabedoria. 

A sabedoria representa o próprio Deus. Outrora Deus libertou Israel, agora esta tarefa se reserva a sabedoria, pois ela está presente na história. 

O último se versículo resume em uma expressão de fé e esperança, que resume a história e os lança para o futuro: “Em todas as coisas, ó Senhor, tens feito com que o teu povo tenha grandeza e glória; e não deixaste de estar junto deles em todos os tempos e em todos os lugares” Sab 19,22. 

Alcançar a sabedoria consiste num continuo processo de abertura a Deus, que nos-la concede como um dom para bem discernir e praticar a justiça, para fazer presente o Reino de Deus. O livro da sabedoria nos ensina a contemplar criticamente a história para saber ler os acontecimentos presentes em nossos dias. 



sexta-feira, 28 de setembro de 2018



   Celebramos o 26º domingo do tempo comum, tendo como centro o mistério de um Deus que se revela na história da humanidade. As Sagradas Escrituras retratam parte desta revelação por meio da longa trajetória do povo de Israel e através da revelação máxima dada em Jesus de Nazaré. 

   Neste domingo comemoramos o dia da Bíblia, agradecendo a Deus o dom de si mesmo que se derrama sobre nós e não pode ser aprisionado aos nossos esquemas, como bem demonstrarão as leituras.. 

Oração do dia 

Ó Deus, que mostrais vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia, derramai sempre em nós vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 

   Música para acalmar o coração e entrar em "diálogo com aquele que nos ama" (Sta. Tereza de Jesus).



   A 1º leitura: Nm 11, 25-29, nos coloca no contexto da história primitiva do povo de Israel, onde Moisés partilha de seu espírito (legado) ao anciãos, na tarefa de guiar o povo, administrar a justiça, governa... “com Moisés serão responsáveis pelo bom andamento da vida do povo” (Jean-Louis Ska). Porém, estes anciãos não foram capazes de transcender ao campo da profecia, algo que Deus inspirou a outros, gerando por sua vez, incomodo nos líderes e certos membros da trilho. Moisés pleno de sensatez e cheio do espirito de Deus exclamou: “quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhes concedesse o seu espírito” (Nm 11, 29b). Moisés soube reconhecer a liberdade de Deus, que atua indiscriminadamente, fazendo surgir profetas do meio do povo. Profeta não é alguém que age por si mesmo, mas alguém que se deixa conduzir plenamente pela inspiração divina, é alguém que sabe ler a realidade que o circunda, a luz da Palavra de Deus e sua fé.

   O salmo 18/19, recorda que a lei de Deus não deve ser um peso na vida, mas uma alegria para o coração e conforto para a alma. 

   A 2º leitura continua refletindo sobre o libro do apostolo Tiago. A passagem de hoje: 5, 1-6, inicia com palavras duras contra os ricos que agem com injustiça contra os menos favorecidos. Neste caso o autor cita os trabalhadores explorados e não pagos. O clamor de um povo aparece novamente sendo escutado por Deus, através da denuncia do apostolo. 

   Hoje e ao longo da história da humanidade, percebemos inúmeras desgraças e horrores cometidos contra a vida, especialmente dos mais pobres e desamparados. A situação é ainda mais agravada quando o discurso é apoiada por "argumentos" religiosos que manipulam a Palavra e os planos de Deus. O nome de Deus não pode ser usado em vão, não pode ser usado em favor da injustiça. ISSO É HOMICÍDIO de Deus!

   O Evangelho de Marcos 9, 38-43.43.45.47-48, está em plena sintonia com a proposta apresentada na primeira leitura, com a pretensão de que Deus haja somente dentro das nossas instituições e esquemas mentais. Quantas vezes subordinamos a Deus de acordo com nossas crenças. Isso é paganismo bravo e muito comum em nossa Igreja. É escandaloso afirmar isso, porém o pior é permanecer em uma eterna cegueira, crendo que somos os detentores da verdade. O Evangelho é vida! Voltemos a ele, pois o Espírito de Deus se derrama por toda parte, por isso, abra o teu coração para enxergar os sinais de Deus que estão diante de ti. 

Jesus nos v. 39-40, corrige seus discípulos para o que realmente importa: o cuidado a vida e sua dignidade, independente de onde e de quem vier. Nos versículos seguintes, Jesus aprofunda e expande ainda mais a questão, alertando para possíveis escândalos contrários à sua mensagem e apontando para atitudes para coerentes de seus seguidores, para isso, é preciso estar atento a tudo aquilo que pode atentar contra a realização desta Boa Nova, começando pelas nossas próprias intenções e atitudes. Cada um saberá identificar tudo aquilo que é motivo de distração e corrupção contra um sonho, um projeto, aqui a questão é mais profunda, pois nos referimos ao projeto de Deus para a humanidade que tem a nós como portadores. 

Bom final de semana!

terça-feira, 25 de setembro de 2018

3º linguagem de amor



Presentes uma autêntica linguagem de amor 

   A terceira linguagem de amor apresentada por Gary Chapman, se dá pela linguagem dos Presentes, uma forma diferenciada, mas autêntica de demonstrar amor. Gary Chapman após ter conhecido e estudado diversas culturas, acredita que presentear faz parte do processo amoroso. 

   Segundo o autor, " um presente é algo que você pode segurar nas mãos e dizer: olhe, ele estava pensando em mim ou ela se lembrou de mim. É preciso pensar em alguém para presentear. O presente será símbolo deste pensamento. Não importa se custa dinheiro, o importante é que você pensou na pessoa. Não é apenas a intenção do pensamento que conta, mas o pensamento expresso pelo presente oferecido como expressão de amor". 

   Esta linguagem é tão importante como as demais! Gary Chapman, recorda uma vez mais, que as pessoas têm diferentes linguagem de amor. O que é importante para um, não será para o outro. E alerta: "se a linguagem do amor primária do seu cônjuge for presente, você pode se tornar um especialista em presentear. Essa é uma das linguagens do amor mais fáceis de aprender". 

   Para quem deseja saber por onde começar, o autor indica que se faça uma lista de presentes pelos os quais seu cônjuge já tenho expressado algum interesse. Adverte para que não esperemos uma ocasião especial, pois garante que este é o melhor investimento a se fazer caso o cônjuge tiver como linguagem primária de amor, presentes. Investir na forma de amor do outro, é investir na relação, no amor, pois estando com o tanque de amor cheio, o outro retribuirá amor emocional na linguagem compreensiva de seu cônjuge. 

Não importa o valor do presente, o que conta é o ato de ser recordado e amado pelo outro. 

   Uma outra forma eficaz de presentear, é a presença física no momento de crise, onde a pessoa está mais vulnerável. Gary Chapman, recomenda que se manifeste ao cônjuge sobre o valor de sua presença: "não espere que ele leia sua mente". 

   Através da leitura deste livro, Gary Chapman mostra a importância de identificar a linguagem primária do outro, forma pela qual o outro se sente realmente amado. No final de cada capítulo, o autor brinda sempre brinca seus leitores com uma lista rechonchuda para aqueles que querem corresponder a determinada linguagem de amor. 

Boa leitura!

segunda-feira, 17 de setembro de 2018


Neste final de semana celebramos o 24º domingo do tempo comum. Que a luz do nosso Senhor nos ilumine nesta nova semana e nos permita fecundar o chão da vida com está luz. Que cada um possa se sentir amado e cuidado por este Deus. 

A liturgia do domingo nos convidava a rever e renovar a nossa fé, não segundo os nossos interesses particulares, mas segundo a Revelação dada por Deus ao longo da história da salvação. Lembrando que essa história continua sendo escrita em nossos dias. 

O evangelho proposto foi o de Marcos 8, 27-25, que se encontra no centro do Evangelho de Marcos (cap. 8), onde se encontra o cerne da mensagem de Jesus, se dá a conhecer a sua verdadeira identidade e se estreita o caminho do discipulado, exigindo maior adesão dos seguidores. 

A passagem de Marcos 8, 27-35 pode ser dividida em três partes: Jesus com seus discípulos (27-31); Jesus e Pedro (32-33) e Jesus com a multidão (34-35). As cenas ocorrem próximo à cidade de Cesareia de Felipe, uma das cidades imperiais fundada na Galileia, onde certamente se encontravam as famílias mais ricas da região. 

A catequese de Jesus ocorre no caminho, nome com qual os primeiros cristãos foram identificados. No v. 29 b Jesus dirige uma pergunta intrigante aos seus discípulos: quem dizem os homens que eu sou? E em seguida, volta a pergunta para eles: e vós quem dizeis que eu sou? Jesus não pergunta por ter dúvidas sobre sua identidade, mas para sondar a compreensão de seus discípulos a seu respeito, bem como de seus gestos e palavras. 

Compreender quem ele é e compreender sua mensagem, é sumamente importante para aderir ao seu projeto. Muitos de nós carregamos uma compreensão equivocada sobre Deus. Nossa visão interna determina o modo como estamos no mundo, como nos posicionamos e como nos relacionamos. 


Eu mesma por muitos anos alimentei uma visão equivocada sobre Deus, foi necessário um grande caminho de fé, onde passei de um Deus do temor ao Deus amor. Achava que Deus me castigaria qualquer coisa e me vigiava a todo tempo, isso somado a outras coisas, me fizeram uma adolescente e uma jovem cristã medrosa por muitos anos. Esse tipo de fé leva a prática e a preocupação com coisas externas e rituais, sem que haja uma mudança interior. Estive por muitos anos em busca desse amor de Deus. Só pude preencher uma lacuna que me habitava, quando experimentei este amor. Hoje acima de tudo, sei que Deus me ama e que tenho responsabilidade sobre meus atos. Descobri que ele não me vigia, mas que me cuida a todo instante. De medrosa me tornei mais livre, mais feliz e menos rigorosa comigo e com os outros. Já não buscava mais a perfeição, mas o sentido de tudo. 

Como veem, eu tinha uma falsa imagem de Deus. Hoje igualmente existem muitos cristãos que suplantam a verdadeira imagem de Deus por outras que mais lhe convém. Imagens que justifica atitudes autoritárias, baseadas na lei e não na vida. Uma falsa imagem de um Deus milagreiro que está à disposição de nossos caprichos. 

No diálogo com seus discípulos, Jesus revela que sua hora de voltar para o Pai se aproxima (v.31), por isso, precisava ter a certeza de que seus discípulos dariam conta de assumir a sua missão. Pedro inicialmente parecia estar em sintonia com Jesus, mas em um diálogo íntimo (2° seção), revela que seu pensamento continuava na antiga esperança do messias glorioso. Pedro não podia crer em Jesus como servo sofredor, apresentado na primeira leitura (Is 50, 5-9). 

No v. 33, Jesus repreende a Pedro, chamando-o de Satanás, ou seja, aquele que gera divisão e está longe do projeto de Jesus. Por isso, o mandato é que ele volte para trás: volte para o discipulado. 

O terceiro diálogo de Jesus se dá com a multidão. Nesse diálogo Jesus é claro e objetivo, pois não quer que ninguém o siga com ilusões, por isso, adverte dos riscos e perigos de segui-lo, pois, seu seguimento implica renúncia, abnegação e uma fé capaz de suportar perseguições, incompreensões, morte. Uma fé capaz de romper com as barreiras da indiferença e da injustiça, que esteja disposta a trabalhar em prol da vida e de uma nova sociedade: mais justa e mais fraterna como nos propõe a segunda leitura de Tiago 2, 14-18. 

Desejo a todos uma feliz semana,
 iluminada pela Palavra e não por falácias

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

2º linguagem de amor



Tempo de qualidade, é a segunda linguagem de emocional apresentada por Gary Chapman. Ao ler este livro me lancei na descoberta de mim mesma e de como gosto de me sentir amada. Descobri nesta linguagem de amor minha própria linguagem emocional de amor e que realmente preenche meu tanque de amor. A partir desta descoberta, pude reler minha história pessoal e busca de amor. Espero que aprecia a leitura e se descubra. O conteúdo é bem menos denso que o artigo anterior de palavras de afirmação. 

Por tempo de qualidade o autor compreende a completa a atenção dada alguém, independente da atividade que se faça. Esse tipo de linguagem requer tempo, diálogo, olhos nos olhos, carinho, respeito e acolhida. Não importa o tempo que passamos com alguém, mas a atenção que lhe dedicamos, pois se consiste em um momento “sagrado”, onde entregamos ao outro, parte de nossa existência. "Esse é um poderoso comunicador de amor". 

A ler este Capítulo e os exemplos dado pelo autor, revivo parte da minha própria adolescência, quando voltei a morar com minha mãe. Me lembro que ela chegava cansada do trabalho, sua atividade favorita para descansar era assistir televisão. Eu pelo contrário, desejava passar tempo com ela, conversar, e que ela me escutasse, olhasse, mas sentia que a TV a roubava de mim, por isso, a odiava tanto. Como veem, não basta estar no mesmo ambiente ou fazer as mesmas coisas, é necessário dedicar atenção ao outro, do contrário nosso amor não será comunicado e as atividades se tornarão rivais da busca deste amor. 

Gary Chapman, expõe um evento cada vez mais comum em nosso dia e que infelizmente se agradava, marcando a vida de crianças e adolescentes que clamam por atenção e carinho. Me refiro ao tempo de qualidade entre pais e filhos e que me parece importante transcrever: " quando o pai se senta no chão e joga uma bola para seu filho pequeno, sua atenção não está voltada na bola, mas não filho. Se porém, o pai estiver falando ao celular enquanto a jogar bola, sua atenção está diluída. O que importa no ato de jogar bola, são as emoções criadas entre pai e filho". O pai pode demonstrar seu amor ou pode relegar o filho ao segundo plano de modo inconsciente. 

"O tempo juntos num tempo comum, comunica que nos importamos com o outro, gostamos de estar com ele e apreciamos fazer coisas juntos". 


Assim como vimos no capítulo de palavras de afirmação, a linguagem de amor, tempo de qualidade, também possui muitos dialetos, entre eles se destaca a conversa de qualidade, que consiste no diálogo entre duas pessoas que compartilham experiências, sentimentos, pensamentos e desejos em um contexto de acolhida e escuta. Mas é necessário fazer uma distinção entre as palavras de afirmação e a conversa de qualidade: a primeira se centra sobre aquilo que dizemos e a segunda naquilo que ouvimos e como ouvimos. 

Ouvir se consiste numa tarefa desafiadora, pois somos frutos da pós modernidade, vivemos acelerados, correndo contra o tempo e prisioneiros de uma enxurrada de atividades. Mas se queremos manter um relacionamento, precisamos investir para que ele floresça e de os frutos desejados. Um relacionamento exige um ouvido solidário com o propósito de entender os pensamentos, sentimentos e desejos do outro. Para concluir, o autor deixa umas dicas para cultivar está linguagem de amor: 

1°Manter contato visual enquanto nosso cônjuge estiver falando; 
2° dedicar-lhe toda atenção e, evitar fazer outras coisas enquanto conversa; 
3° prestar atenção aos sentimentos; 
4° Observar a linguagem corporal; 
5° Não interromper. 

Um outro caminho sumamente importante, é aprender a conhecer e a falar dos próprios sentimentos, sem medo, sem reservas. 

Um outro dialeto bastante importante deste tipo de linguagem, é a atividade de qualidade, ou seja, realização de tarefas como: passeios, visita ao museu, ir ao teatro, cinema... atividades desejadas pelos dois, com a consciência de estar um com o outro, dedicando tempo de qualidade.

Boa leitura!

sábado, 8 de setembro de 2018

Renascidos em Deus


  A liturgia deste final de semana: 23ª domingo do tempo comum, reflete uma vez mais a dinâmica do Reino de Deus, animando-nos a não perder a esperança, por mais desafiadora que seja a nossa realidade. O Reino de Deus não se faz por meio da violência, da intolerância ou indiferença. Infelizmente esta semana constatamos mais um ato de violência pública, desta vez ao candidato Jair Messias Bolsonaro, que tem se apresentado com propostas bastante radicais e de direita, mas isso não vem ao caso. O que gostaria de ressaltar a partir deste evento, é que a violência não se resolve com violência, seja ela a quem for ou de onde vier. Este evento ganhou grande repercussão na mídia por se tratar de uma pessoa pública, porém meus queridos, a violência é uma triste realidade que ocorre todos os dias em nossas cidades, dilacerando famílias e todo um país. 

  Não minimizo o que ocorreu, mas gostaria de provocar o senso crítico de cada um de vocês que me acompanham por meio das várias reflexões. Percebo no cotidiano que para a maioria das pessoas, a violência parece ter se tornado algo corriqueiro, sem maior importância e que não nos atinge. Mas violência é uma realidade que nos assola dia a dia, amedrontando de forma indireta a população, que se torna cada vez mais refém e "prisioneira" domiciliar, tendo que se proteger com grades, alarmes, câmeras e outros. Por que não prevenimos a violência com políticas públicas e outros meios? É impossível remediar o mal a alguém quando este já espalhou os seus frutos de morte. 

  Nossa vida vale tudo e, como cidadãos brasileiros, temos sido explorados descaradamente com altos impostos, que deveriam ser devolvidos à população em forma de bens públicos que beneficiasse a todos. 

  Acorda Brasil! Somos uma nação guerreira desde o berço, não se deixe enganar com discursos de ódio, violência e falsas promessas! O poder está em nós. Nós decidimos sobre quem nos representa e se ninguém está representando nosso direito, não somos obrigados a votar em qualquer um. Um mal passo dado não pode ser retirado e repetido. Somos um povo de luta, fazemos parte do continente da esperança. E lembrem-se, onde há fome, não há Reino de Deus. Não gostaria que isso fosse tomado como um discurso de esquerda ou marxista, para mim isso é o autêntico cerne do Evangelho de Jesus Cristo, fonte da qual bebi desde criança e pauto minha vida entre erros e acertos. Minha mãe, minhas irmãs, amigos, conhecidos, irmãos, vivem sujeitos a esta realidade, como não falar dela se tenho a palavra? 

  A 2° leitura de hoje, Tiago 2, 1-5, aborda o tema com extrema clareza. Na semana passada o apóstolo se referiu sobre o que consiste a verdadeira religião, hoje ele reflete sobre a coerência da fé em Jesus. Uma fé que não admite acepção de pessoas, seja ela a ricos ou pobres. O autor recorda a preferência pelos mais pobres, tal como as conferências latino-americanas fizeram, por saber que a fome e a miséria ferem a dignidade humana em seus princípios básicos. 

  A 1° leitura de Isaías 35, 4-7, nos apresenta o protótipo do Reino de Deus instaurado mais tarde por Jesus. O capítulo 35 de Isaías canta a alegria da libertação do povo redimido de Iahweh. Este capítulo tem muita semelhança com o segundo Isaías: 40-55, pois ambos expressam a esperança e a certeza de uma nova terra e um novo povo, onde reinará à vida e à justiça. O texto faz parte de um oráculo destinado a motivar os judeus exilados para que retornem à Jerusalém. O templo não é mencionado, pois havia sido destruído pelos caldeus, por isso Sião ganha destaque como a nova morada de Iahweh. 

  O Deus que vem, é definido como Deus vingador que salvará o seu povo. Na referência aos cegos, surdos e coxos o autor não pretende narrar milagres ou curas, mas de libertação aos exilados, libertação de tudo aquilo que os oprimia e deformavam enquanto o povo e nação. O tema da água no deserto, suscita a memória de um novo Êxodo de libertação. 

  O Salmo 145/146, tem estreita harmonia com a primeira leitura. É um salmo de louvor, onde canta a grandeza de Deus, sua bondade e compaixão por todas as criaturas. 

  O Evangelho de Marcos 7, 31-37, faz realidade a esperança do povo, onde Deus se revela salvador e libertador, em um contexto de opressão imposto pelo império romano e pelo legalismo judaico. 

  O início do Evangelho (v. 31) nos mostra que Deus Emanuel não é uma realidade destinado único e exclusivamente a Israel, mas uma Boa Nova para todos os povos, em todos os tempos. 


  "A cura do surdo-mudo, simboliza a libertação das pessoas com os ouvidos abertos e a boca sem mordaça, elas são capazes de ouvir e falar adquirindo capacidade de discernir a realidade e criticar construtivamente a situação que oprime" (Euclides Balacin). Quantas pessoas que se deixam amordaçar e entregam de bandeja sua própria liberdade de ser e de pensar. Jesus nos mostra que o desejo de Deus é a vida em seu pleno gozo. A exemplo disso, pousemos nosso olhar sobre as Sagradas Escrituras, lugar privilegiado onde Deus sempre se revela salvando, mesmo em meio a infidelidade do povo. 

  Não desanimem queridos irmãos, tenham fé, sejam valentes. Peçamos a Deus o dom do discernimento para sempre agir segundo os desígnios divinos. Que possamos testemunhar ao mundo a beleza de um Deus que é conosco e que realiza o bem em favor de todos, restaurando a dignidade e a integridade física do ser humano. 

  Uma Feliz semana a todos, lembrando que no 
processo de fé, é preciso deixar-se 
tocar pelo mestre da vida, para que ele 
nos cure de nossa cegueira 
e surdez: física, moral e espiritual.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

1º linguagem de amor



   Palavras de afirmação é a primeira linguagem do amor emocional descoberta pelo autor. 

     Palavras de afirmação são meios poderosos de demonstrar nosso amor e cuidado com o outro. Infelizmente muitos casais desconhecem o poder das palavras, especialmente das palavras afirmação. Nossas palavras podem curar ou ferir, por isso, vamos refletir sobre uma das linguagens fundamentais de amor: Palavras de afirmação. 

   Os elogios e as palavras de apreciação, são poderosos comunicadores de amor, que dizem ao outro: eu te amo, estou do teu lado, eu te admiro... enquanto que palavras de críticas e reprovação demonstram nosso desamor e desrespeito. As palavras de reprovação afetam sobretudo as pessoas que são de linguagem emocional, palavras de afirmação, meio pelo qual demonstra seu amor e deseja ser amado/a. 

    As palavras afetuosas e de elogios são combustíveis no tanque de amor dessas pessoas, isso não significa que devemos ficar bajulando ou mimando, pois, "o objetivo não é conseguir o que queremos, mas fazer algo pelo bem-estar daquele a quem amamos". Enquanto que palavras encorajadoras inspiram coragem e alento em momentos de insegurança e desânimo.

    Gary Chapman, convida a cada leitor a valorizar algum potencial de seu cônjuge que não está sendo aproveitado em uma ou mais áreas da sua vida. Esse potencial pode está à espera de suas palavras de afirmação. "O objetivo é ajudar a que o outro se descubra e desenvolva um interesse e habilidade que tenha". 

        Reconhece que encorajar alguém nem sempre é uma tarefa fácil, pois exige certa empatia e um olhar para o mundo a partir da perspectiva do outro. Em primeiro lugar, recomenda que descubramos o que é importante para a outra pessoa, para encorajá-la de modo assertivo. Com o encorajamento verbal tentamos comunicar o seguinte: eu sei que você é capaz; me importo como você... e para melhor demonstrar apoio e interesse podemos perguntar: como posso te ajudar? ... 

       Adaptar-se a essa linguagem de amor, não sendo ela nossa linguagem primária de amor, será um trabalho ardo, especialmente se possuímos um padrão de palavras extremamente críticas ou ofensivas. 

       Gary Chapman, reconhece que o amor é gentil e precisa ser transmitido desta maneira, por isso, faz um apelo ao resgate da gentileza, seja nas palavras ou nos gestos, pois o corpo fala e expressa o que realmente sentimos. "Se quisermos comunicar o amor verbalmente, devemos usar palavras gentis. Isso tem a ver com a nossa maneira de falar, pois a mesma frase pode ter dois significados diferentes, dependendo de como ela é dita. Às vezes as palavras dizem uma coisa, mas o tom de voz diz outra. Sendo assim, enviamos mensagens ambíguas. Nosso cônjuge normalmente interpreta a mensagem com base em nosso tão de voz e, não de acordo com as palavras que usamos". 

        Como vemos, a nossa maneira de falar é muito importante. Da próxima vez que for conversar com alguém, "procure se colocar no seu lugar e enxergar as coisas através de seus olhos e, então expresse de maneira suave e gentil sua opinião a respeito dos sentimentos dele. Se você cometer alguma falha, confesse o erro e peça perdão. Se o ponto de vista for diferente do dele, explique sua percepção de maneira gentil. Busca o entendimento e a reconciliação, em vez de impor sua percepção pessoal como a única maneira lógica de interpretar a situação. Assim é o amor maduro". 

        Adverte aos leitores sobre erros mais comuns que cometemos na vida a dois: jogar na cara das pessoas seus erros e condenar seu passado. Estas são atitudes que ferem gravemente o sentimento e a dignidade do outro. Evitemos estes erros, pois "o amor não mantém uma lista de erros cometidos e desenterra falhas do passado”. Lembrem-se que ninguém é perfeito. Infelizmente “no casamento, nem sempre fazemos o melhor ou a coisa certa. Não podemos apagar o passado, mas apenas confessa-lo e concordar que houve erros. Podemos pedir perdão e tentar agir diferente no futuro". 

      O autor acredita que diante uma ofensa sofrida temos duas opções: a justiça ou perdão. "Se escolhemos a justiça e tentamos retribuir o mal ou fazer com que o outro pagar pelo erro, assumiremos o papel de juiz e nosso cônjuge de criminoso. A intimidade se tornará impossível, mas se optamos pelo perdão, a intimidade pode ser restaurada, pois o perdão é o caminho do amor, é um compromisso". 

        "A melhor coisa que podemos fazer com os erros do passado, é deixar que eles se tornem história", sem negar que eles existiram, pois eles devem nos fazer crescer e amadurecer. 

      Existem também as palavras humildes, pois o amor faz pedidos e não exigências. Gary Chapman lembra que "no casamento somos parceiros iguais e adultos, mesmo que não sejamos perfeitos continuamos sendo adultos e parceiros". 

    Adverte que se desejamos desenvolver um relacionamento íntimo e demonstrar amor, precisamos conhecer mutuamente os desejos do outro, sem que sejam compreendidos como exigências, pois do contrário, eliminarão a possibilidade de intimidade. "Se, porém, expressamos nossas necessidades e desejos na forma de um pedido, damos orientações e não decretos". 

      "Ao fazer um pedido a seu cônjuge, você afirma o valor e as capacidades que ele tem. Em essência, está indicando que ele tem algo ou pode fazer alguma coisa que é significativa e valiosa para você. Contudo, ao fazer exigências, você deixa de ser um parceiro e se torna um tirano. Seu cônjuge não se sentirá apoiado, mas menosprezado". 

       As palavras são extremamente importantes, por isso, dedique palavras de afirmação ao seu cônjuge, amigos e colegas do ambiente de trabalho, buscando reconhecer neles e nelas, valores e características pessoais que se destacam e te atraem. 

Boa leitura e até a próxima semana, 
onde refletiremos sobre o tempo de qualidade


1º Domingo da quaresma 2020