Mãos juntas
O gesto de
juntar as mãos é algo muito comum entre os povos. No âmbito cristão passou a
ser usual só a partir do século IX. Juntar as mãos era uma forma de reverencia
entre os germanos. Ao aceitar o pacto feudal, o vassalo estendia suas mãos para
o soberano, com as palmas voltadas uma contra a outra, e este então as envolvia
com as suas. Com as mãos juntas oferecemos a Deus nossos serviços, submetendo-nos
ao mesmo tempo a sua vontade.
As mãos
unidas recolhem nosso entendimento inquieto, elas juntam os apostos em nós numa
unidade. Isso inicia em nós um movimento circular. Todas as ideias e todos os
sentimentos, todas as vibrações interiores passam pelas mãos juntas. E nesse
fluxo estamos conectados com a circulação do amor divino.
Cada um
deve encontrar uma posição que lhe seja mais adequada. Seguindo com as mãos
juntas, podemos manter os dedos para cima ou para frente, na altura da barriga
ou do peito, encostado no corpo ou mais afastado. A postura pode nos levar a serenidade
e concentração, desde que seja a posição adequada ao nosso corpo. Recolhamos a nós
mesmos para nos oferecermos a Deus.
Mãos
cruzadas
O gesto com
as palmas das mãos coladas e os dedos entrecruzados não aparece muito como
gesto na liturgia, variando de uma cultura a outra. Entre o povo este gesto era
e ainda é bastante apreciado.
Neste gesto
igualmente a pessoa se recolhe para entregar-se a vontade de Deus. Segundo os
autores, este gesto pode significar ao mesmo tempo concentração e um modo de
orar em que a pessoa briga com Deus, tal como Jacó. Mas este gesto ao meu ver
também parece uma oração de súplica e de confiança.
Neste gesto é possível experimentar
diferentes intensidades, o determinante para isso será o conteúdo da oração.
Igualmente as mãos podem estar na altura do peito ou da barriga, mais próximas ou
distante do corpo. Ao fazer este gesto não precisamos de muitas palavras, pois
já o expressamos com nosso corpo, nossas mãos e coração.
Mãos
cruzadas sobre o peito
Muitos
povos cruzam as mãos sobre o peito quando a prece é intensa. Na liturgia russa
os fiéis se dirigem a ceia eucarística com as mãos cruzadas sobre o peito.
Este gesto
expressa dedicação, uma entrega indefesa e cheia de confiança a Deus. O gesto
também nos lembra um abraço. Seguramos algo valioso dentro de nós. Com esse
gesto arrumamos espaço dentro de nós onde Deus já habita, mas experimentando-o
de maneira nova, sentimos algo do nosso próprio mistério.
Os braços
cruzados indicam que os opostos dentro de nós foram acolhidos pelo amor de
Deus. E com esse gesto abraçamos a nós mesmos e dizemos sim para tudo o que há em
nosso interior, onde Deus habita. Também com esse gesto nos abrimos e protegemos
um espaço de silencio, intimidade que não pode ser invadido.
Livro rezar
com o corpo: o poder curativo dos gestos
Anselm Grun e Michael
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